A história das questões religiosas no Brasil foi gerada na Bahia

(Carlos Casaes e Carla Maria) 



A história das manifestações religiosas no Brasil encontram sua origem na Bahia. Espaço territorial que foi descoberto por Pedro Álvares Cabral, por conta do que ocorreu o surgimento dos primeiros assentamentos civis, sobretudo com a consolidação da Cidade do Salvador como primeira unidade civil deste país continental. Por conta do que a história nos ensina de que, por exemplo, o Candomblé é o caso. Essa manifestação representa na Bahia, e em todo o território nacional, as religiões tidas como de matizes africanas.

É de se entender, portanto, de que se trata da manifestação de uma diversidade cultural, representante das nações africanas. Nesse contexto, é de perseguir nos diversos trabalhos científicos de pesquisa que devem ser considerados como símbolos, como os iorubas, bantos e jeja. Como ocorre, também, de que, na África, também devem ser considerados exemplos do Jarê que, aqui no Brasil, ocorre na Chapada Diamantina, da mesma forma como o Omolocô, ao lado do Terecô, como também cultos egunguns. Estas são práticas religiosas constituintes de verdadeiro legado cultural que chegaram até nós via africanos, à época, escravizados.

A manifestação desses segmentos afirma-se através do culto dos orixás, dos ancestrais e das divindades. No entanto, é bom que se possa observar de que todos eles, indiscutível e necessariamente guardam um aspecto de sincretismo religioso com o catolicismo.

As manifestações que se destacam


É possível que sejam destacadas algumas manifestações religiosas que se vinculam à origem africana no Brasil: a exemplo do candomblé e da Umbanda. O primeiro deles, ou seja, o candomblé é possível ser encontrada a sua derivação dos tradicionais cultos africanos. E a sua essência é que, nele sobressai-se a crença na existência de um ser supremo, do que são exemplos Olorum e mesmo Avievodrec ou até Nzambi.

Em verdade, não se pode deixar de considerar que é a Bahia a verdadeira “porta de entrada” de todas as principais religiões no Brasil. Entre elas, não é possível deixar de mencionar o catolicismo, tanto quanto o próprio protestantismo. As duas constituem as que agregam um maior número de fiéis em todo o país. Tanto quanto é de se considerar e incluir na mesma situação o candomblé, bem assim e até mesmo o espiritismo. Também e da mesma sorte como se deva manifestar ser a Bahia o primeiro Estado brasileiro.

Na realidade, a história nos ensina de que os primeiros religiosos a chegar nessa nova terra foram os jesuítas, que trouxeram com eles o catolicismo. No entanto, algum tempo depois, chegaram os franceses e com eles o protestantismo. Foram estes, por sinal, que implantaram realmente as primeiras igrejas evangélicas aqui.

Mais da metade da população baiana é católica

O que nos revela de que mais da metade da população baiana é católica é o último censo que foi realizado na Bahia pelo IBGE, o que ocorreu em 2010. Em termos percentuais aquele censo acusou que 65% da população baiana é católica. Em contrapartida, a mesma pesquisa nos informa de que Salvador é a cidade que ocupa o quarto lugar entre as capitais do país que registram um maior crescimento do culto evangélico.



 Mas a Bahia não fica aí na estatística, porquanto os números indicam ser o estado brasileiro que registra o maior número de praticantes do candomblé. E é de se atentar para o fato de que essa, o candomblé, é uma religião que só existe no Brasil. Que teve a sua origem mesmo em território da Bahia. O que ocorreu com a chegada dos africanos escravizados.

O candomblé surgiu aqui por influência das religiões de matrizes africanas. Por conta do que acabou se tornando em uma das principais crenças no Estado. E é em Salvador, a sua Capital, onde a força do candomblé mais se evidencia. Tomando como base a informação que nos proporciona a Associação Brasileira da Cultura Afro-Ameríndia, registra-se que existem somente em Salvador, nada mais nada menos do que mais de 1.730 terreiros de candomblé oficialmente registrados.

Influência até na culinária

Essa notadamente poderosa influência da cultura africana é que se manifesta, também, e sobretudo, na culinária baiana, no fato de que o azeite de dendê vem a ser o seu principal ingrediente, com influência evidente na comida brasileira em face da tolerância religiosa. Diante dessa pluralidade de crenças é que se pode denotar a manifestação da forte presença das religiões, a exemplo do catolicismo, do protestantismo e da mesma sorte das crenças de matrizes africanas. É seguramente a razão de que, para os baianos uma situação se constitui da maior relevância, que é a tolerância religiosa.

É por via dessa consequência que a pluralidade de crença dos baianos que ocorre a manifestação forte da presença das religiões: catolicismo, protestantismo, bem assim essas que são consequência das matrizes africanas. E a razão pela qual sempre os baianos encontram um tema recorrente na tolerância religiosa.

Observem-se, no entanto, de que um forte preconceito ainda é possível observar entre as religiões evangélica quanto as de origem africana, do que se destaca, evidente, o candomblé. Embora já haja um certo comedimento, porquanto, há muitos anos atrás, a situação era muito pior com o radicalismo religioso.

Houve momento, no entanto, de radicalização

São as próprias pesquisas que nos informam de que na década de 1931 a 1940 aconteceu uma iniciativa oficial com uma perseguição até mesmo sistemática, uma violenta reação das próprias autoridades, que buscaram erradicar inteiramente de influência no Estado que chegaram a desenvolver violenta devassa nos templos. O propósito mesmo era o de extinguir na Bahia tudo o que se relacionasse com o candomblé.

Inclusive foi desenvolvido um processo de desconsideração das divindades, chegando-se, até mesmo, a massacres, por conta do que muita gente morreu. Foi um momento em que os crentes até eram denominados, pejorativamente, de BIBLIA.

Um outro fato muito importante é que existe uma crença que integra esse sincretismo baiano que é o espiritismo, consubstanciada na doutrina kardecista que teve o seu surgimento, da mesma forma que as anteriores, na própria Bahia. E ocorreu durante o período imperial. É de se observar, inclusive, de que o primeiro centro espírita brasileiro foi instituído em Salvador, o que ocorreu no ano de 1865.

Divaldo Franco e a Mansão do Caminho



Por sinal, da mesma sorte, foi na Capital baiana onde viveu um dos principais líderes do espiritismo do país, que foi o consagrado médium DIVALDO PEREIRA FRANCO. Em Salvador ele criou e manteve por longos anos, a instituição Mansão do Caminho, um complexo que ele criou e sustentou durante toda a sua vida, focalizando os setores da educação e da saúde, com o qual conseguiu retirar da condição da mais expressiva miséria extrema nada mais nada menos do que cerca de 170 mil pessoas.

Durante toda a sua vida, DIVALDO FRANCO psicografou mais de 270 livros, os quais chegaram, até a sua morte, a vender mais de 10 milhões de exemplares. Sendo que toda a renda dessa comercialização se destinou, sempre, para conseguir manter Mansão do Caminho. Para DIVALDO, o diálogo entre as diversas pessoas nas diversas religiões constituía sempre um passo importante para a consecução da tolerância.

Até porque o espiritismo é uma doutrina que, de algum modo e na verdade, dialoga com o cristianismo. Até porque, grande parte dos espíritas consideram que professam a doutrina católica. Toda essa sua sustentação era discutida e analisada todos os domingos, na CNN, no canal 577.

Vê-se, dessa forma de que a BAHIA, ao lado de constituir o primeiro estado brasileiro, consagra-se, da mesma sorte como a origem de todo o cenário religioso da nação brasileira.

A história se afirma

Portanto, entenda-se que foram realmente os jesuítas que chegaram em nosso território como os primeiros religiosos, o que ocorreu durante o período colonial. Eles introduziram em terras nossas, então, o catolicismo. Somente algum tempo após foi que os franceses e holandeses trouxeram, também o protestantismo, o que deu início à instalação das igrejas evangélicas. Por sinal e então, são as duas religiões que detêm o maior número de fiéis no país. Da mesma sorte como é aqui no nosso Estado que se encontra a mais volumosa quantidade de praticantes do candomblé. Por sinal, bom que observe que o Brasil é o único país em que se processa o candomblé.

Um momento em que se pode aquilatar o quanto a religião católica mantem a expressivamente maior parcela de brasileiros pode ser avaliado quando da realização, por exemplo, da missa aos domingos (08 horas) na Catedral de Aparecida, em São Paulo. Templo que imagino ser um dos maiores, senão o maior do país, todos os domingos naquele horário, encontra-se com todos os seus espaços superlotados. A disposição das suas dependências, que constituem forma de uma cruz e entre as suas retas entrecortadas, existem espaços intermediários, mas que não possuem condição de visão do altar mor - no centro da igreja -, onde é professada a missa. Mesmo assim, todos esses espaços, inquestionavelmente, todos os domingos são literalmente superlotados.

O candomblé no sincretismo


Como uma religião afro-brasileira, o candomblé teve o seu desenvolvimento ocorrido mesmo no século XIX, como um processo de sincretismo entre as inúmeras religiões que, à época, eram tradicionais na África Ocidental, do que se pode relacionar, inclusive, o ioruba, o banta e o bês. As quais sofreram, aqui, a influência do catolicismo. Especialmente com respeito às religiões da Nigéria, do Benin e de Angola.

Para que melhor se possa entender a influência africana, é possível, então, destacar entre os negros escravizados que trouxeram o candomblé, os bantos (que procederam do Congo, de Angola e de Moçambique), bem como os sudaneses que procederam da Nigéria e do Benin. O que equivale aos iorubas, aos nagôs e aos jeges.

O candomblé crê numa divindade suprema, bem assim única, cuja adoração é destinada aos Orixás (ou Voduns/Meisis), que seriam as forças da natureza, tanto quanto, antepassados divinizados. Personificações da energia criadora. Entretanto, o nome da divindade máxima varia conforme a nação de sua origem, vejamos: a Ketu cultua o Olorum, a Banto o Zambi e a Jege o Mawu. No caso, os orixás devem ser os intermediários.

Jesus é uma outra entidade

Atente-se para o fato de que o Candomblé destina um outro significado para Jesus, diverso do cristianismo, qual seja, não é o Deus criador, mas um espirito elevado que, em regra, tem sido associado a Oxalá. E esse sincretismo surgiu, na realidade, durante o período colonial postando-se, então, na qualidade de uma prática da religião afro-brasileira.



Então vejamos: Oxalá é o orixá criador e da paz, com o qual, portanto, Jesus é sincretizado no candomblé e na umbanda. O que se constituiu numa forma mascarada como os africanos encontraram para proteger a religião que praticavam. No candomblé, o deus supremo é Olodumaré (ou Olodum / Nzambi. Sim, porque a crença no candomblé é toda fundamentada no monoteísmo. Cada nação, no candomblé, cultua apenas um deus.

Senão vejamos: A nação Ketu cultua Olorum, a nação Banto cultua Nzambia, e a Jege cultua Mawu. Também deve se perceber de que o candomblé origina-se, na realidade, da junção de Quimbundo Candonck (dança com atabaques) mais Iorubá Ilê (casa), ou ainda interpretando: casa de dança com atabaques.

O culto ao candomblé é calculado por cerca de 3 milhões de adeptos no mundo inteiro, o que a faz se constituir em uma das religiões africanas mais praticadas, com expansão pela território americano e pela Europa. Mas é no Brasil em que é mais praticada, daí a quantidade expressiva dos terreiros, que são as casas onde a religião é desenvolvida. Por sua vez, os rituais podem ser matriarcais (nos quais só as mulheres atuam e que são as mães de santo), quanto pelos homens, que constituem nos pais de santo. Ou ainda podem ser praticados de forma mista.

Para se perceber que a diversidade é própria da prática da religião afro-brasileira, verifique-se de que, em Recife, o candomblé é conhecido como xangô, no Rio como macumba, termo esse último que tem sido considerado como pejorativo.

Um evento pertinente


Enquanto redigíamos esta matéria, tivemos conhecimento da notícia de que a Associação dos Terreiros da Bahia Egbé Axé estava programando para o período de 19 a 21 próximos (ano atual de 2025) o 3º Encontro Nacional da Umbanda do Brasil, em Salvador, com a participação de representantes de 18 municípios baianos, bem assim das lideranças de outros Estados e de dois países. O evento pretende, inclusive, promover o diálogo inter-religioso. O encerramento estava programado com uma Caminhada Saravá Umbanda, do Campo Grande e até a Praça Tomé de Souza (Municipal).


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