O Castelo,
Por apenas um “euro”,
um “palácio”
(Carlos Casaes e Carla
Maria)
A
criatividade da minha reflexão deambula, as vezes, muito estranhamente, quando
irrefletido na imaginação, durante as noites bem dormidas. São sonhos que
permeiam todo o ambiente do meu repouso. Em um outro espaço, que deve se
encontrar aqui bem próximo desta publicação, tenho a oportunidade de manifestar
o quanto fértil é o pensamento, durante os bons momentos da irreflexão.
É o caso de
uma imaginada gravação de uma entrevista, que acabou resultando numa estória
tão incrível quanto curiosa. Resultante dos instantes repousados em uma certa
noite. Hoje, aqui, volto a perseguir outro momento em que as minhas
deambulações noturnas conseguiram gerar um fato que diria quase absurdo.
Inclusive, envolvendo até um grupo de amigos, os quais pude reunir, em certo
momento, numa instituição que denominamos de “Confraria Nacional de Jornalistas Turismo”.
Curioso é
que, em tão pouco tempo, relativamente à extensão do relato, uma complexidade
de fatos, os mais curiosos, amontoam-se de sorte a constituir numa curiosíssima
construção de sucessivas imaginações. A seguir, vocês vão encontrar um
complicado relato que, por sinal, emerge de notícias verdadeiras para desaguar
num oceano de ondas revoltas, com respeito a tudo quanto vão tomar
conhecimento.
Casas a, simplesmente,
um euro!!!
Eu tenho
hábitos absolutamente regulares, que integram uma rotina cotidiana. E aqui
relato, em pormenores, para que esta curiosíssima história seja bem entendida.
A minha rotina diária inicia-se às 05:00 horas, quando levanto. A partir daí,
sigo rigorosamente um roteiro até a noite. Ao levantar – depois de arrumar a
minha cama - vou ao banheiro para, inclusive, uma rápida higiene bucal. Sigo
até a cozinha, onde ingiro um gole de água. No salão, se a mesa não estiver
devidamente organizada, eu arrumo tudo que nela já se encontrar.
Em seguida, vou até a varanda - em frente à casa - para pegar o exemplar do “Correio da Bahia”, jornal do qual tenho assinatura. Sigo ao quintal para apagar 3 lâmpadas que, diariamente, são acesas, porquanto ali está situada a “suíte” de Carla. Incontinente, faço uns exercícios de alongamento e de braços e tronco, após o que assumo a “esteira rolante”, na qual ando um pouco acelerado por 30 minutos. Após o que, volto à cozinha para mais um “gole” de água. Daí ao banheiro, outra vez, para fazer a barba e, a seguir, o reconfortante banho.
A rotina é
complicada! Logo após, na cozinha, preparo a minha refeição matinal diária: um
copo “long drink” de vitamina de mamão e banana com o suco de frutas do dia;
uma mistura de quatro cereais com um pouco da vitamina; e uma xícara de chá de
frutas diversas. À mesa, faço essa minha rotineira, repito, refeição, após o
que retorno ao banheiro para higiene bucal. Onde lavo, inclusive, as mãos com
um pouco de “álcool gel”, para poder retirar o exemplar do jornal do saco
plástico onde se encontra acondicionado. É um hábito que conservo desde a
pandemia.
Ocorre que,
durante a minha refeição, de segunda a quinta-feira, normalmente eu a consumo
sozinho, pois HELGA e LORENZA já saíram para a escola de cada qual (uma para
ensinar e a outra para estudar). Somente um pouco mais tarde é que CARLA
levanta. No sábado, domingo e feriados, normalmente, quando eu já estou lendo o
jornal, as três vêm também para a refeição matinal.
Aqui, realmente, começa
a história
Num certo sábado, encontrava-me na confortável poltrona a “degustar” mais uma edição do “Correio”, enquanto Carla e Helga faziam a sua refeição na mesa. Como de hábito, sempre que eu dava de cara com alguma notícia inusitada, interessante, curiosa, lia para que elas tomassem conhecimento. O que resultava sempre em comentários sobre o fato ali contido.
De repente,
mais do que de repente, “dei de cara” com uma nota que revelava estarem algumas
pequenas comunidades italianas disponibilizando para estrangeiros nada mais
nada menos do que “casas” a, simplesmente, um euro. Surpreso pelo inusitado
daquele fato, imediatamente passei-o para as filhas. Do que, por consequência,
resultaram comentários diversos. Inclusive e sobretudo, com a afirmação de que,
diante daquela informação, candidatássemo-nos à aquisição de uma daquelas
casas.
Inclusive
com a observação de que, então, ao invés de Portugal, como era pretensão nossa,
elegêssemos a Itália para a nossa nova residência. O fato, no caso, era que,
constantemente, admitíamos a possibilidade de ir embora residir em Portugal,
sempre que tomávamos conhecimento de que um(a) amigo(a) estava se transferindo
para o país ibérico. E gozávamos com aquela notícia absolutamente estranha.
Ainda a verdade seguida
da “fantasia”
Naquele dia
não seria diferente, porquanto estava ainda refletindo a notícia das casas por
um euro na Itália. Na pesquisa, fui informado de que, na realidade, aquela
notícia era procedente, pois cerca de vinte pequenas comunidades italianas –
quatro das quais na Sicília, aquela bela ilha que fica na “ponta da bota”, no
extremo sudoeste italiano - estavam adotando a mesma ideia. As demais dezesseis
ao longo das diversas regiões continentais da Itália.
A
curiosidade cresceu. E fui buscar as razões pelas quais se estava adotando
aquela medida. Oportunidade em que fui informado de que se tratavam de pequenas
comunidades, sempre centenárias e em localizações especiais, como no topo de
montanhas e em escarpas a beira-mar. Condição que, se dizia, originalmente
destinavam-se a proporcionar melhores condições de defesa dos invasores da
época, unos, godos, visigodos, mouros.
A
consequência foi que aquelas informações se implantaram, irrefletidamente, na
minha cabeça.
A consequência foi o
complicado e estranho sonho
À noite,
conquanto aquela notícia, aparentemente, não permanecesse latente em minha
memória, a verdade é que, ao dormir, sonhei de forma bastante curiosa, num
desenvolvimento daquela informação italiana. No sonho eu contatava com os
órgãos pertinentes do país da “bota” que me esclareciam a respeito de algumas
das comunidades que estavam adotando aquela decisão. E me informavam de que a
adoção da medida decorria do fato de existirem, nas aludidas comunidades, casas
abandonadas, tanto em virtude da extinção das respectivas famílias, quanto pelo
abandono dos proprietários que demandavam a outras comunidades maiores, em
busca de melhores condições de vida
Interessando-me
por aquela estranha decisão, questionei no “google” sobre quais seriam aquelas
comunidades. Foi quando, dentre algumas, me informaram uma delas que se
encontrava na Toscana, a cerca de 20 minutos ou meia-hora de Siena. Cidade,
esta, que bem conhecia, onde havia estado com TEREZA realizando um curso de
férias. Minha curiosidade cresceu
substancialmente, então.
Foi quando a
essência do sonho começou a se desenhar. O nome da cidade era PROCENA.
Logicamente, na vida real essa cidade não existe. Na medida em que ia
colhendo – no sonho – aquelas informações, ia passando para as filhas. As quais
enriqueciam ainda mais os comentários, com a solicitação de que adquiríssemos
uma daquelas casas, sobretudo na cidade ao lado de Siena.
Surpreendentemente: um
Castelo
Em certo
momento – vejam bem: no sonho – pedi aos dirigentes daquela comunidade que, se
possível, exibissem-me uma daquelas casas para que eu pudesse fazer uma
avaliação sobre a vantagem de aquisição do imóvel – até ali, estava sendo
conduzido apenas pela curiosidade. Foi quando, para a minha extrema surpresa,
apontaram-me nada mais nada menos do que a imagem de um...
...C A S T E L O.
Sim, um C A S
T E L O, com todas as letras grifadas e em maiúsculas. Não,
precisamente, um prédio daqueles muito conhecidos, cheios de torres, saliências
e entrâncias. Mas um prédio horizontal, retangular, com três pavimentos
(térreo, primeiro e segundo andar). E numa extensão incrível de cerca de 60,00m
de frente e em meio a um terreno que deveria estar disposto em cerca de algumas
centenas de metros. Térreo e primeiro andar construídos, enquanto o segundo
andar era todo aberto e destinado a observação.
Quando
revelei às duas o que tinha encontrado, aí foi que elas – que correram para ver
o prédio – passaram a reivindicar seriamente a aquisição daquele Castelo.
Diante da
seriedade da reivindicação delas, argumentei de que, por certo, ele
necessitaria de uma reforma interna pois, evidentemente, a sua estrutura
deveria ser obsoleta, pois construída há cerca de três séculos. Quando ambas
retrucaram de que eu poderia utilizar o recurso que havia recebido da
Prefeitura – uma bolada – resultante de uma ação que havia proposto há mais de
20 anos e que, naquela semana, havia recebido o valor, claro, atualizado com
juros e correção.
No entanto,
havíamos combinado de que, no final de semana, sairíamos pela Estrada do Coco e
“Linha Verde” para visitar alguns condomínios onde encontrássemos uma boa casa
para adquirir, destinada à nossa vilegiatura. Nosso lazer de fim-de-semana, de
férias. No que elas retrucavam de que prefeririam desistir da casa e partir
para adquirir seriamente o Castelo.
A reivindicação assumiu
sérios contornos
A cada
argumento meu elas contra-atacavam com afirmações cada vez mais consistentes. E
insistiram para que eu tentasse conseguir maiores informações, sobretudo sobre
o interior do prédio. Decidi “fazer o jogo delas”, então. Foi quando as
autoridades que seriam responsáveis pela negociação, me enviaram um esquema
impresso com a disposição dos dois andares: térreo e primeiro.
Ao mesmo
tempo, informavam-me de que a negociação em torno daqueles imóveis era limitada
por algumas regras: a primeira delas a de que a casa, quando adquirida, teria
que ser destinada, exclusivamente à residência dos seus novos proprietários.
Que, por sinal, poderia ser a primeira ou
a segunda residência. Pois era como,
na Itália, caracterizavam-se, sendo a primeira
residência aquela em que o proprietário morasse permanentemente, enquanto a
segunda correspondia, por exemplo, a
nossa casa de praia e de férias. Mas que teria que ser a residência permanente
dos proprietários.
Uma outra
questão, esclareceram-me de que, no prazo de um ano teria que ser proporcionada
uma reforma no prédio respectivo. Além do que aquele imóvel não poderia ser
destinado a qualquer outra utilização, mesmo, que não a residência. Por
exemplo: jamais alugado, jamais destinado a escritório, ou até a qualquer outra
atividade. Portanto, exclusivamente a residência. Todas essas informações elas
– ainda no sonho - me acompanhavam no raciocínio.
O extremamente curioso foi a constituição interna dos dois primeiros andares. Por exemplo: 1) não tinham luz elétrica – a iluminação era à base de “fifós”, candeeiros, lanternas; 2) não tinham água encanada – a água utilizada para todos os fins procedia de um poço artesiano que ficava no canto do lado direito do fundo do terreno e era retirada na “força bruta”, no músculo. Conquanto a água tivesse excepcionais qualidades medicinais. Ao lado de que, embora contasse com cinco imensos quartos, no primeiro andar, só dispunha de um “sanitário” em todo o prédio.
Uma avaliação seria
indispensável
Animadas com
aquela positiva informação, fecharam questão em torno da possibilidade de
aquisição do Castelo. Ao questionarmos as autoridades com as quais vínhamos
dialogando, indagamos se poderíamos sugerir alterações na planta dos três
andares. Quando elas nos confirmaram de que sim. Poderíamos por abaixo todas as
divisões dos dois andares, com uma única condição: “desde que não
interferíssemos – de modo algum – na estrutura do prédio, bem assim na parte
externa”. Então decidi sentar com elas
em torno de papeis, lápis, canetas, réguas, esquadros, etc. E fomos idealizando
a forma como poderíamos desejar transformar aqueles três andares.
O resultado
foi que, para o térreo – na ordem de apresentação - destinamos: uma área de
serviço com banheiro; uma “suíte” para a secretária, cozinha, copa, espaço - para
geladeira, freezer, armários para depósitos de mantimentos, etc. - pequena
adega; seguindo a sala de jantar e ao lado uma sala de musculação, depois uma
sala de TV, de leitura, de cafezinho ou, simplesmente, sala de estar. Isto, no
lado esquerdo. No lado direito do saguão, um sanitário, o clube ou sala de
jogos e a também tradicional “sala de visitas”. Entre esses dois espaços, o
saguão imenso e a escada para o andar superior.
No primeiro
andar idealizamos transformar os oito quartos em simplesmente 5, com a mesma
exagerada dimensão. Apenas, entre cada dois, dividimos ao meio um terceiro para
ali instalar sanitário (também completo como os anteriores) e “closet” para
ambas as, então, suítes. Aos dois últimos, destinamos a mesma constituição,
dividindo um deles em dois para completar o vizinho da mesma sorte que as
anteriores em suíte. Com o que ficou restando a metade de um antigo quarto, que
destinamos para a “brinquedoteca” de Lorenza. Do outro lado, dividimos o imenso
espaço em um outro sanitário, o escritório para nós cinco, uma biblioteca e uma
capela.
Para o
terceiro andar, que era todo livre, utilizado para observação panorâmica,
destinamos o que denominamos de “pitzchurrascaria”
que lógico, seria o misto de uma pizzaria e churrascaria. Isto, numa área do
canto esquerdo e ao fundo
Concluída a
feitura da nova planta para o castelo, enviamos às autoridades com as quais nós
vínhamos dialogando, até então. Com muito pouco tempo, recebemos uma informação
de que, em princípio, não haviam percebido qualquer detalhe que confrontasse
com as restrições mencionadas. No entanto, era, com aquele esquema que lhes
fora enviado, difícil uma avaliação definitiva. A qual, somente deveria ser
revelada com o exame do projeto arquitetônico final. E que o elaborássemos e o
enviássemos que eles, no menor espaço de tempo, se pronunciariam.
Não enviamos, levamos
(Não
esqueçam de que continuava nos “braços de Morfeu”). Mais uma vez, solicitamos
do Paulinho a possibilidade dele executar o projeto arquitetônico. No que ele,
prontamente assentiu, por conta do que lhe fornecemos a sugestão que havíamos
elaborado. Com o tempo necessário ele nos entregou todas as plantas,
absolutamente completas, com todo o detalhamento de redes de esgoto, de água
corrente, de eletricidade, e até de som. Fizemos ver, então, ao pessoal da
Prefeitura de que nos encontrávamos com o projeto já elaborado. Quando eles nos
solicitaram que o enviasse de imediato para um rápido exame.
Surpreendentemente, decidimos e lhes informamos de que não iríamos enviar o
projeto, mas o levaríamos em mãos.
Foi, então, que numa noite de sexta-feira imediata, num jato da TAP seguimos para Lisboa e, de lá, a conexão para Roma. Onde chegamos na manhã do sábado. De imediato, fomos até à Stazione Termine, onde embarcamos direto para Siena. Na bela cidade da Toscana, permanecemos no sábado e no domingo. Segunda-feira pela manhã, num taxi, seguimos diretos para a Prefeitura de PROCENA. Fomos recebidos com muita cordialidade pelo Prefeito que, imediatamente nos conduziu a um salão onde já se encontrava a sua equipe técnica do setor: dois arquitetos e um engenheiro. Todos muito afáveis e demonstrando estarem extremamente felizes em que aquele prédio pudesse ser alienado, pois era um verdadeiro símbolo da cidade.
Ao
fornecermos o projeto completo e ao promover uma ligeira apreciação, um deles
nos questionou, perguntando quem houvera produzido aquelas peças. Ao informar
de que fora um arquiteto baiano, meu sobrinho e afilhado, replicaram de que
estavam muito surpresos com o detalhamento e a perfeição do projeto.
Acrescentando de que, na Itália, não eram produzidas peças tão completas e
pormenorizadas. E mais, que, se ele estivesse naquele país, em pouco tempo – se
ainda não era – ficaria rico. Adiantando, ainda, de que apenas haviam feito uma
análise “aligeirada”, na qual não haviam encontrado nenhum óbice. No entanto,
teriam que proceder exame bem mais acurado.
Portanto,
concluíram, somente lá pela tarde da quinta-feira poderiam ter um parecer
conclusivo. O qual, seguramente, deveria ser favorável. Razão pela qual
poderíamos programar para a manhã da sexta-feira a assinatura do contrato de
compra-e-venda. Ficamos, evidentemente, felizes com aquela manifestação.
Aproveitamos, então, a oportunidade para manifestar ao Prefeito de que
necessitaríamos do apoio dele no sentido de nos ajudar, uma vez de que, por não
sermos da terra e nada conhecermos dali, não teríamos facilidade para contratar
uma equipe de profissionais. Porquanto era nossa intenção, se realmente o contrato
pudesse ser assinado na manhã da sexta-feira, promover o início das obras já na
segunda imediata.
Uma surpreendente
contribuição
Foi a oportunidade em que o Prefeito surpreendeu-nos com a informação de, considerando o quanto aquele prédio era importante para a comunidade, e com o objetivo de assegurar de que as obras fossem realizadas por profissionais qualificados, de sorte a que não comprometessem a sua condição de “patrimônio público” e sua muito especial importância para a comunidade, teria, junto com a sua equipe técnica, decidido proporcionar-nos uma equipe de operários da própria Prefeitura. Pois assim, eles estariam seguros de que as obras seriam devidamente apropriadas. Então estava nos destinando um mestre de obras, dois pedreiros, dois marceneiros, um eletricista, um vidraceiro, um jardineiro e dois ajudantes.
Concluindo com uma afirmação mais do que surpreendente: de
que aqueles profissionais onerariam a nós, apenas, no correspondente a uma
gratificação em torno de 20% sobre os seus salários – ainda assim se
quiséssemos proporcionar aquele dispêndio – pois eles já recebiam seus salários
da própria Prefeitura. Praticamente extasiados, asseguramos que lhes
destinaríamos, sim, uma gratificação de 30%. Fomos replicados pelo próprio
Prefeito de que era demasiado, e que não inflacionássemos a remuneração deles,
porque 20% seria o bastante. Asseguramos que não, que lhes destinaríamos mesmo 30%.
Verdadeiramente encantados com aquela excepcional concessão
do Prefeito, que jamais imagináramos, pedi-lhe para ver o Mestre de Obras. Ao
qual solicitamos, da mesma sorte, que nos indicasse uma loja de material de
construção, pois já gostaríamos de adquirir tudo necessário para aquela
autêntica reforma que seria procedida internamente no prédio. Foi quando ele
nos assegurou de que nos iria conduzir a uma loja em Siena, cujo proprietário –
há cerca de um ano – estava querendo mudar de ramo, para eletrodoméstico, para
o que, inclusive, já havia adquirido toda a aparelhagem necessária à nova
atividade, e ainda não conseguira realizar o seu intento por persistir com um
estoque razoável.
É que, estávamos, então, decididos a, inquestionavelmente,
iniciar as obras dali a sete dias, próxima segunda-feira. Em Siena, realmente
fomos à tal loja onde o seu proprietário, surpreendendo-se com a possibilidade
de liquidar o estoque de material que ainda se encontrava na casa – diante do
volume de obras que nós lhe sugeríamos para o Castelo – assegurou-nos que nos
concederia 50% de redução no valor de todo o material que adquiríssemos, pois,
praticamente, iriamos propiciar a ele, enfim, realizar o seu novo “sonho”.
Fizemos a reserva de todo quanto necessitávamos, quando ele foi mais incisivo
ao nos oferecer um material muito especial de que ele, da mesma sorte,
necessitaria se desfazer, o que, para ele - e com certeza – iria ainda mais
valorizar o nosso imóvel.
Ao indagar qual seria aquele material, pois já havíamos
reservado tudo quanto necessitaríamos, informou-nos de que seria “mármore de
Carrara”. Logicamente, espantamo-nos em virtude do mármore ser um material
extremamente caro e informamos-lhe de que não nos interessava. Foi quando o
proprietário, mais uma vez, nos fez exultar, ao assegurar de que faria para nós
os mesmos valores que estava colocando para azulejos e similares, porquanto nos
estava concedendo 50% de desconto em todo o material adquirido. Diante do que,
então, decidimos aceitar.
Ao deixarmos a loja felizes com a aquisição toda com 50% de
desconto, e aproveitando o embalo, também lembramos ao Mestre de Obras de que
gostaríamos que ele, da mesma sorte, nos indicasse uma fábrica de mobiliário,
pois, na medida em que a obra fosse adiantando, com a conclusão de cada espaço,
também gostaríamos logo de assegurarmos a aquisição dos móveis, para já ir
montado cada espaço. Pois, quando a obra fosse concluída, queríamos estar com
todo o Castelo devidamente equipado. Até para que nos pudéssemos mudar para ali
em definitivo.
Mais uma estupefata surpresa: o mestre nos esclareceu de que
nos iria levar, então, a uma fábrica de móveis que era da propriedade de um seu
irmão em sociedade com um seu filho. Que era uma fábrica que fornecia
mobiliário para as próprias marcas famosas por lá. Aduzindo ali de que também
teríamos um razoável desconto, pois poderíamos adquirir todo o mobiliário para
o castelo com o desconto de 40%, que era o valor com o qual eles vendiam toda a
sua produção para as fábricas famosas.
Ao fim da história, estávamos já assegurando um custo
baixíssimo, bem inferior ao que havia sido estimado, para toda a instalação do
Castelo: apenas 30% para a mão de obra, 50% para o material de construção e 60%
para o mobiliário. Realmente, incrível.
Um castelo que se
modernizava
Como previsto, na tarde da quinta-feira os técnicos da Prefeitura entregaram o parecer – o que haviam prometido – aprovando a negociação. Por consequência, na manhã da sexta-feira, realmente, assinamos o contato, pelo qual estávamos adquirindo nada mais nada menos do que um “castelo”. As obras, por sinal, transcorreram na conformidade com o imaginado, inclusive porque o Prefeito, empenhado em ver aquele espaço totalmente recuperado, exigia celeridade nos trabalhos.
Um fato interessante foi que, durante a reconstrução interna,
não permitíamos que o próprio Prefeito visitasse a obra, sob a alegação de que
gostaríamos de que somente as visse após a sua total conclusão. E ele concordou
e assim ocorreu. Ao final dos trabalhos, já com a reforma absolutamente
concluída, convidamos o Prefeito para conhecer o resultante daquela proposta.
Já ali residindo em definitivo.
Vale, antes, uma observação: desde que os trabalhos se
iniciaram, decidimos, da mesma sorte, ir adquirindo peças de decoração, na
medida em que cada espaço era entregue. Mais um rasgo de sorte bafejou-nos,
pois, visitando uma loja de decoração e arte em Siena, fomos informados pelo
seu proprietário – por sinal um artista plástico – de que ele estava com uma
peça encalhada por não ter encontrado quem tivesse um espaço suficiente para a
colocar.
Então, esclareceu-nos de que se tratava mesmo de uma
experiência que ele estava empreendendo e que seria a reprodução de importantes
obras de arte em “papel de parede”. Esclarecendo-nos de que a sua primeira
iniciativa nesse sentido, foi reproduzir o teto da “Capela Sistina” do
Vaticano. O que o estava decepcionando porquanto não encontrara, até então e já
há vários meses, quem possuísse um espaço suficiente para aplicar aquela belíssima
reprodução. E confessava que se encontrava extasiado pelo fato de que
identificava no teto do Castelo como o imóvel capaz de aproveitar, enfim,
aquela autêntica obra de arte. Explicando de que os dois saguões – do térreo e
do primeiro andar, juntos - teriam precisamente o espaço necessário, desde que
o trabalho fosse dividido em duas partes.
Um Castelo que se
valorizava
A maior curiosidade, inclusive, foi que, diante do fato de
que a redução considerável do custo da obra, anteriormente estimada na forma
dos índices normais conhecidos, permitiu-nos sofisticar nas instalações. Assim
foi com o mobiliário, todo ele de primeiro nível, fato que enriqueceu
substancialmente o interior do especial imóvel. No que respeita também à
decoração, o mesmo ocorreu. Tanto que, no “hall” de entrada, enquanto o teto
exibia a reprodução da “Capela Sistina”, no solo, num dos dois cantos em frente,
estava uma outra reprodução de uma das obras do “Aleijadinho” (a reprodução de
um dos seus “profetas), no outro canto, uma terceira reprodução, esta de “O
Pensador”, de Rodin, e no meio a, também, reprodução da “Pietá”, De
Michelangelo. Nos demais espaços a mesma sofisticação.
Então, decidimos convidar o Prefeito para visitar o prédio
que ele tanto estimava e para cuja reconstituição tanto contribuíra. A reação
surpreendeu-nos a todos, porquanto ele, simplesmente, demonstrou-se
deslumbrado. Inclusive, fotografou e filmou cada espaço dos diversos cômodos,
desde a entrada do prédio, em que se destacava o belíssimo jardim que fora
decorado pelo jardineiro da própria Prefeitura – no qual o destaque era para a
bandeira da Bahia – e do Bahia – que ele, curiosamente, armou com tulipas
azuis, vermelhas e brancas, inclinando suficientemente o espaço de modo que, de
qual parte em que a pessoa estivesse, o pudesse, imediatamente, identificar.
Passando pelo estacionamento lateral direito, que continha, até mesmo, um pequeno “lava a jato” doméstico, na extremidade direita do fundo, a torre sobre o poço, na qual estava o grande tanque de água e embaixo do que instalaram-se equipamentos para controle da própria água, tanto quanto da energia elétrica e consequente equilíbrio no ar condicionado. Seguia-se, na metade do espaço do fundo daquele imenso prédio, uma horta dotada dos diversos segmentos utilizados domesticamente na cozinha. Completando-se, então, com um belo pomar, onde se encontravam frutas típicas locais, ao lado de uma bananeira, um coqueiro e uma pitangueira.
A reação do Primeiro
Ministro
Vale esclarecido de que o Primeiro Ministro italiano era
filho da terra, e um entusiasta admirador do Castelo, para o qual destinava
todos os esforços, inclusive financiando a sua manutenção, pelo fato de ser um
ícone histórico e artístico daquela cidade. Quando o Prefeito retornou,
informou-nos de que o Ministro havia ficado encantado com o que vira na documentação
que lhe levara. E que, segundo o Prefeito, havia nos enviado duas sugestões. A
primeira delas é de que seria mandado fazer uma placa – verdadeira obra de arte
- na qual constassem informações como: data de construção do castelo, atuais
proprietários e suas procedências, data de reinauguração que, por sinal, estava
ocorrendo na administração dele, Primeiro Ministro, e do próprio Prefeito.
Placa que seria exposta na grade de entrada do espaço.
Eu analisei rapidamente e concluí de que era uma boa ideia,
mas que somente autorizaríamos se nela, placa, fosse incluída igualmente a
informação com o nome do arquiteto que elaborara o projeto de reforma, bem
assim a sua procedência.
Mas, o Prefeito tinha uma outra sugestão que fora enviada
pelo Ministro. Seguinte: que fosse realizada uma reinauguração solene. No
entanto, com a observação de que somente participariam os membros do seu
primeiro escalão de auxiliares, bem assim da equipe do próprio Prefeito. Além
da imprensa. Nenhum outro convidado. Porque, para os moradores locais ele
pretendia promover uma especial manifestação na praça em frente, com música,
fanfarra, fogos de artifício, etc. A solenidade de inauguração, sobretudo,
tinha o objetivo de ser amplamente divulgada em toda a Europa, e no mundo, a
reinstalação do grande monumento daquela cidade, e um dos mais destacados da
própria Itália, que era o Castelo
Refleti bem, meio cabreiro, mas, em determinado momento, uma
luz me despertou. Então, retruquei de que nós poderíamos concordar desde que
atendesse a uma condição que me estava ocorrendo naquele momento. Seguinte: que
o Governo italiano convidasse também para aquela inauguração os integrantes da
instituição que eu criara no Brasil e que era nada mais nada menos do que a Confraria
Nacional dos Jornalistas de Turismo. Bem assim, que também fosse convidado o
arquiteto autor do projeto e sua família: integrada pela esposa, filha e mãe
que morava com ele. Em torno, ao todo, de 20 pessoas.
Que aquele grupo fosse convidado com passagens e toda a
estadia na Itália por 30 dias, a fim de que pudesse, além de participar da
reinauguração do Castelo, visitar todas as regiões e principais cidades
italianas, numa programação especialmente elaborada. Que seria a condição para
que, no retorno ao Brasil, os jornalistas promovessem uma série de reportagens,
tanto sobre o Castelo, quanto sobre as regiões e principais cidades da Itália.
No que o Prefeito retrucou de que não poderia esclarecer se o Ministro
aceitaria aquela sugestão, meio complicada. Mas que levaria a ele e, logo a
seguir, nos esclareceria sobre a sua decisão. Eu confirmei, então, de que era a
condição com a qual anuiríamos à sugestão dele.
Aprovação que muito nos
agradou
Somente dois dias após o Prefeito nos procurou para,
eufórico, informar-nos de que o Ministro não somente acolheu a ideia como, com
indisfarçável entusiasmo, convocou imediatamente o seu Ministro do Turismo,
autorizando-o a entrar em contato conosco para que fosse elaborada a forma de
envio do convite, bem assim o estabelecimento da programação de inauguração e
da visita do grupo à Itália. E que eu já poderia ir informando aos Confrades do
convite que lhes seria enviado.
Escusado lembrar de que o verdadeiro espanto dos colegas foi imediato. Pois, serem convidados para passar um mês na Itália, com passagens, estadias e todas as despesas pelo governo italiano, jamais poderiam imaginar que pudesse ocorrer. E se prepararam para já ir se programando.
Na realidade, o Ministro do Turismo contatou-me e combinamos datas e todas as condições, inclusive para que o convite oficial fosse enviado. Na data prevista, véspera da inauguração, na manhã de uma sexta-feira, estava eu com Carla, Helga, Lorenza e Beto, no Aeroporto de Fiumicino, em Roma, aguardando pelos queridos Confrades. Na hora prevista, lá apareciam eles no desembarque, num momento o mais efusivo, pois todos estávamos simplesmente exultantes com o reencontro.
Seguimos, então, diretos para Siena, onde eles foram
hospedados e, depois de se acomodarem no hotel, fomos juntos para Procena, a
fim de que eles já, previamente, conhecessem o “espaço”. Da mesma sorte, não é
preciso informar de que a reação foi apenasmente “embasbacante”. Não
acreditavam que nós pudéssemos ter encontrado uma situação tão especialmente
privilegiada.
Enquanto isto, Paulinho – o arquiteto, com esposa, filha Bia
e mãe Helena, ficaram hospedados mesmo conosco, no Castelo.
Em nossa companhia, no Castelo, passaram o restante do dia,
recebidos com um churrasco no almoço e na “pitzchurrascaria” no terraço do
segundo andar. Espaço de onde se poderia vislumbrar um bom pedaço da cidade.
Após o que retornaram, já à noite, ao hotel de Siena. No dia seguinte, o
sábado, como programado, participaram com o Primeiro Ministro, o Prefeito e
suas respectivas assessorias, bem assim da imprensa italiana e estrangeira
(principalmente do Brasil), da solenidade de inauguração, seguida de belíssimo
coquetel.
Vale lembrado de que não se deve esquecer de que eu dormia e
sonhava.
Teve início, então, a
excursão
Já na manhã, mesmo, do domingo, todo o grupo saiu em veículo
especialmente destinado a o conduzir, como programado, e foi iniciada a
excursão de um mês pela Itália. Praticamente, percorreram, nos 30 dias que lhes
foram destinados, todo o território Italiano, desde o extremo sul ao extremo norte,
desde o leste e ao oeste. Foi, sem dúvidas, um privilégio que empolgou também
todo o grupo.
No retorno a Siena, depois da excursão e véspera de embarque
para a volta ao Brasil, foram recepcionados com um jantar, em Procena, que lhes
foi proporcionado pelo próprio Prefeito. Nele, em nome até também do Primeiro
Ministro, aquela autoridade revelou o quanto aquela cidade se sentiu honrada em
receber tão ilustres profissionais brasileiros. E agradeceu à Confraria por ter
aceito e participado daquele momento tão especial.
Coube, no entanto, a SÉRGIO MOREIRA, o querido Confrade de
Minas Gerais, falar em nome do grupo e para manifestar o quanto eles se
sentiram não simples e extremamente felizes pela especial oportunidade, mas
pela honra de terem sido convidados, bem assim, recebidos e homenageados pelas
autoridades italianas e de Procena. Vale mencionado de que ali se encontravam
os Confrades: ANTONIO JOSÉ DE OLIVEIRA (de Fortaleza-Ceará), LUÍS FELIPE (de
Recife-Pernambuco), FLAVIO GOMES DE BARROS e IVALDO PINTO DE BARROS (ambos de
Maceió-Alagoas e com as respectivas esposas), o próprio SÉRGIO com esposa,
ARNALDO MOREIRA e esposa (do Rio de Janeiro), bem assim de Porto Alegre-Rio
Grande do Sul: JUREMA JOSEFA e seu inseparável fotógrafo (esposo), NENECA CAMPOS,
MARISA SIERRA, e JOSÉ CARLOS D’AVILA, também com a respectiva esposa.
Junto a eles ainda se encontravam:
PAULO GIOVANI PELLEGRINO (arquiteto e autor do projeto de reforma do Castelo),
acompanhado de sua esposa, da filha BIA e de sua genitora HELENA.
E, no discorrer da manifestação, o mineiro revelou de que
todo o grupo havia decidido de que, em virtude daquela nova situação tão
especial, como proprietários e residentes em um belíssimo Castelo, o Confrade
CARLOS CASAES e sua família – a partir de então - somente seriam reconhecidos e
tratados no âmbito da Confraria como “nobres”. Por conta de que eles somente
seriam reconhecidos e tratados pela CONFRARIA assim: a jovem LORENZA, como princesa, HELGA e CARLA, como condessas, numa homenagem póstuma,
TEREZA, a esposa de Casaes (que era filha de italianos), como baronesa, e o próprio CARLOS CASAES
como barão. Portanto, desde aquele
momento, na intimidade da Confraria, eles seriam os nobres brasileiros.
Atitude que,
especialmente, empolgou ao Prefeito
Sem mesmo deixar transparecer, a verdade foi que aquela manifestação da Confraria deixou o Prefeito extremamente empolgado. Porque ele imaginou a ideia de que os novos proprietários do Castelo pudessem, na realidade, serem considerados oficialmente como “nobres” de Procena . Tanto assim que, logo no dia seguinte, convocou a sua assessoria jurídica, e a encarregou de promover um exame histórico para verificar se existiria algum dispositivo de natureza legal, ao longo da jurisprudência italiana, que permitisse às autoridades de conceder títulos honoríficos.
A consequência foi que, após em torno de noventa dias, o seu
assessor jurídico procurou o Prefeito para exibir uma documentação em que
esclarecia de que havia encontrado, há cerca de dois séculos atrás, um dispositivo
de natureza legal que permitia ao Poder Público, o direito de conceder títulos
honoríficos. E que, mais que isto, não havia encontrado, a partir dali e até os
dias atuais, nenhum outro dispositivo, ou decisão, que o pudesse ter revogado.
Informação que, na realidade, alegrou bastante o maior
mandatário do município, o qual, imediatamente, levou aquela constatação ao
Primeiro Ministro, explicando-lhe que se empolgara com a iniciativa da
Confraria, entendendo de que, para Procena, seria um fator de muita
repercussão, a existência, atualmente, de “nobres” proprietários do seu secular
castelo.
Por surpreendente, o Ministro julgou aquela iniciativa do
Prefeito bastante oportuna, encampando a pretensão. O seu entusiasmo também foi
de tal sorte que, de pronto, convocou o seu Procurador Geral, ao qual
encarregou de confirmar aquela conclusão a que chegara a assessoria jurídica do
Prefeito de Procena.
O sucesso do arquiteto
brasileiro
Uma eventual surpresa foi o fato de que a repercussão da
reforma do Castelo viralizou de modo incrivelmente positivo, quanto à
excelência do arquiteto que tinha sido o autor do projeto. Ninguém mais nem
menos do que PAULINHO, meu sobrinho e afilhado. E o seu prestígio alcançou tal
evidência que, durante mesmo a sua ida a Procena para a reinauguração do
Castelo, fatos ocorreram para convalidar a afirmação que o arquiteto da
Prefeitura havia emitido.
Começaram a surgir solicitações de projetos de reforma e
construção mesmo de imóveis, não somente em Procena, mas, até mesmo em Siena e
outras unidades da região da Toscana. A coisa evoluiu de tal sorte que, ao
retornar ao Brasil, Paulinho deixou Carla e Helga como suas representantes. Com
o objetivo de que funcionassem como o “meio de ligação” entre ele e os
clientes.
E mais, o sucesso dele como novo arquiteto na região alcançou
tamanha repercussão que, depois de algum tempo, o número de clientes alcançou
tal dimensão que foram obrigados a instalar um escritório, especificamente para
o atendimento. E a ponto dele decidir de que, quando se aposentasse na
Prefeitura, iria se mudar para Procena, na Toscana italiana.
Conclusões amplamente
satisfatórias
Mas, com respeito à questão dos títulos honoríficos, não
levou muito tempo, por sinal, o desempenho do Procurador Geral, uma vez que ele
já tinha elementos concretos, a partir dos quais facilmente pôde promover nova
pesquisa. No seu retorno, confirmou ao Ministro de que, na verdade, aquele
dispositivo encontrado pelo assessor do Prefeito - no conceito dele - Procurador,
ainda se encontrava em vigência. E, da mesma, sorte, não havia identificado
nada que pudesse ser considerado como elemento de revogação.
No entanto, fez uma observação: de que a lei era clara no sentido de assegurar de que os títulos honoríficos somente poderiam ser destinados a cidadãos italianos. Fato que, em princípio, desencantou o Ministro. No entanto, imediatamente e a seguir, questionou o seu auxiliar se a lei era incisiva a somente permitir a concessão para italianos natos. No que, de imediato, o Procurador assegurou de que a lei não fazia qualquer referência quanto à forma da nacionalidade de quem pudesse ser contemplado com a honra.
Logo, a conclusão para ele, Procurador, tanto se poderia
destinar a cidadão italiano nato, como a cidadão naturalizado. Afirmação que
fez recobrar o entusiasmo do Primeiro Ministro. Tanto assim que de imediato,
encarregou ao próprio Procurador a tarefa de elaborar uma proposta de projeto
de lei que concedesse aos novos proprietários do Castelo – Casaes, Carla, Helga
e Lorenza, bem assim como homenagem póstuma, Tereza – a naturalização legal
como “Cidadãos Italianos”.
Aquele anteprojeto teve, evidente, tramitação de emergência.
Porquanto, logo após a sua aprovação, o Ministro também encaminhou ao Congresso
uma outra proposta elaborada pelo seu Procurador. Esta, no sentido de concessão
“aos cidadãos naturalizados os títulos honoríficos, respectivos: Lorenza como
Princesa, HELGA e CARLA como Condessas, em homenagem póstuma o título de
Baronesa a TEREZINHA PELLEGRINO DE SOUZA, e de Barão a CARLOS CASAES.
Uma festa muito
especial, a entrega
Aprovadas as propostas do Ministro, imediatamente ele cuidou
de programar a entrega. Para o que convocou CASAES a fim de, com ele,
estabelecer datas para a solenidade. Propondo-lhe, inclusive, de que avisasse
aos integrantes da Confraria Brasileira de Jornalistas de Turismo que se
preparassem, porquanto seriam especialmente convidados para a aludida
solenidade. Isto, em consideração ao fato de que fora a Confraria que tivera a
ideia da concessão daqueles títulos, conquanto, nos seus limites, sem o
critério da oficialização.
E estabeleceu, com a aprovação do Casaes, a data para a realização da solenidade de entrega dos títulos de “cidadania” e de “nobreza”. O que foi, imediatamente, comunicado aos integrantes da Confraria no Brasil. Ao que se seguiu o convite oficial, materializado, inclusive, pelos bilhetes aéreos destinados a ida de todos a Roma.
Na data prevista, já se encontravam em Roma todos os
integrantes da Confraria. O Salão Nobre do “Palácio”, onde o Primeiro Ministro
exercia as suas funções, especialmente engalanado, com a respectiva “Guarda de
Honra” devidamente paramentada para aquele momento invulgar. Com a presença,
inclusive, do Prefeito de Procena e seu “staff”, a movimentação em torno do
local fora muito especial, com uma participação popular anormal. Enfim, era um
dia festivo muito especial. Inclusive com a “Banda de Música” da Guarda de
Honra do Ministério fazendo o “pano de fundo” sonoro da solenidade.
A solenidade enfim: já com todos as autoridades e convidados
presentes, o Primeiro Ministro “deu a largada” para as diversas etapas do
momento. De início, na sua fala, detalhou as razões que o levaram a adotar
aquela iniciativa, exaltando o fato de que Procena, a partir dali, ao lado de
ter devidamente recuperado, restaurado e engalanado o seu Palácio – monumento da
maior valia pois lhe era o mais destacado espaço – passaria a ter, a partir de
então, como legítimos proprietários do referido palácio, “cidadãos italianos”.
E mais ainda, de que os aludidos cidadãos, a partir de então,
seriam reconhecidos, com muita propriedade, como seus “nobres”. E solicitou ao
Prefeito de Procena que procedesse a entrega a cada um dos homenageados do
título oficial de “cidadãos italianos”. O que foi feito com muita solenidade e
sob gerais aplausos de uma imensa presença.
Mas, antes mesmo da entrega dos títulos da homenagem muito
especial, eu fiz, em nome de toda a família e no meu próprio, o especial
comovido agradecimento. Falando de improviso, porém muito emocionado, revelei o
quanto para todos nós era honroso estar ali, naquele instante, como alvo de
tamanha e especial dádiva. Agradecendo às autoridades, a partir do Prefeito e
até ao Primeiro Ministro, e mesmo ao legislativo, mas também fazendo uma alusão
particular à Confraria que, na verdade, acabou dando causa a toda aquela
solenidade. Instituição de que eu tive a felicidade de ter idealizado e
proposto a sua criação.
Logo a seguir, o Ministro encareceu ao SERGIO MOREIRA para,
juntamente com a CONFRARIA – considerando ter sido deles a manifestação inicial
– proceder a entrega dos títulos honoríficos. Primeiro à LORENZA, o título de Princesa,
depois a CARLA e a HELGA, os títulos de Condessas. Aí, ocorreu o momento que
mais me comoveu: a entrega do título de Baronesa – numa homenagem “pós-morte” –
a TEREZINHA PELLEGRINO DE SOUZA. E foi solicitado a Lorenzinha que recebesse a
homenagem em nome de sua avó.
Naquele momento eu comecei a chorar intermitentemente, tanto
assim que, quando, a seguir, foi solicitada a entrega a mim do título de Barão,
eu não tive equilíbrio para receber a especial homenagem e o fiz aos prantos.
Não consegui, mesmo, me controlar, a ponto de, naquele exato momento,
simplesmente acordar, ainda aos prantos.
Mesmo depois de acordado, a minha recuperação levou algum
tempo. Enquanto eu passei o resto da noite refletindo sobre toda aquela
história que havia consumido todo o meu sono. Ainda mesmo me sentindo em Procena,
no nosso Palácio, fatos que, até hoje, me surpreendem, mas despertando de um
sono, enfim, simplesmente:
F A N T A S T I C O ! !
!...














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