Igreja de São Francisco
Uma das sete maravilhas
de origem portuguesa do mundo
(Carlos Casaes e Carla Maria)
A Igreja e Convento de São Francisco em Salvador, na Bahia, é
classificada como uma das sete maravilhas do mundo de origem portuguesa, sendo,
naturalmente, tombados pelo IPHAN. A igreja passou recentemente por um
acidente, com a queda de parte do seu belíssimo teto com riquíssimas pinturas
sacras. O fato causou um impacto muito grande, sobretudo entre os baianos,
inclusive porque resultou no falecimento de uma turista que, eventualmente
visitava a igreja no momento do acidente.
A tradição da “benção” às
terças-feiras, inclusive, era mantida pela minha mãe que lá se encontrava toda
as semanas, mesmo depois de virmos morar em Itapuã. Algumas tantas das quais eu
à acompanhava.
Um verdadeiro centro de fé e de arte
Um dos aspectos mais curiosos da
riqueza artística daquele monumento são os azulejos
portugueses do século XVIII, os quais reproduzem o nascimento de São
Francisco. Esse conjunto, inclusive, é adornado por talhas de madeira
simplesmente moldados em ouro em pó, constituindo-se como um símbolo do barroco brasileiro. Entre todos aqueles
elementos que ali se encontram, destaque para folhas, pelicanos, flores,
anjinhos, entre vários outros. À riqueza artística extraordinária do conjunto
acrescentam, inclusive, policromias de tantos mestres santeiros baianos, que se
constituem em autênticas obras primas da arte sacra. Que, por sinal, convivem
com peças em jacarandás esculpidos. Nesse conjunto, destaque, mesmo, para duas
“pias” de pedra que foram doadas ao acervo pelo rei de Portugal D. João V.
Há cerca de mais de 40 anos que o conjunto que integra as
construções históricas de Salvador é tombado, bem assim reconhecido como
patrimônio mundial da humanidade pelo mesmo período. Sobre o acidente do
desabamento de parte do teto, a Defesa Civil registrou que mais outras cinco
visitantes resultaram atingidas, as quais foram socorridas e enviadas a
estabelecimentos hospitalares, mas apenas com ferimentos leves.
Convento fundado em 1585 pelos frades menores
O convento, que integra o conjunto de prédios, foi, na
realidade, fundado pelos frades menores já em 1585, enquanto a igreja que,
atualmente, é toda revestida em ouro teve a sua construção iniciada em 1708.
Por sinal, entenda-se bem a sua importância, ao evidenciar-se que é considerada
como uma as sete maravilhas de origem portuguesa no mundo. Todo o acervo de
azulejos portugueses que se encontram nos seus diversos espaços provêm do
século XVIII. A sua maior importância, inclusive, é que reproduzem, em verdade,
o nascimento de São Francisco, todos eles, por sinal, adornados por talhas de
madeira, por acaso, moldados em ouro em pó, em todos os seus símbolos do
barroco brasileiro.
As imagens interiores são policromadas de mestres santeiros
baianos, autênticas obras-primas de arte sacra, com destaque para o jacarandá
esculpido, púlpitos e tetos com inúmeras pinturas sacras que convivem
harmoniosamente com as tantas imagens. Inclusive, esse conjunto é registrado no
Sistema de Informação para o Patrimônio Arquitetônico Português, sob o número
30673.
Do que se tem notícia, o Convento foi fundado, em verdade,
pelo frei franciscano Melchior de Santa
Catarina, Custódio de Olinda, Pernambuco, depois de receber a autorização
do Papa Sisto V. Por acaso, naquele local já existia uma pequena capela ao lado
de algumas habitações provisórias. Aconteceu naquele mesmo ano por conta de um
convite do bispo D. Antônio Barreiros, o Custódio enviou irmãos a Salvador, na
Bahia. Foram os frades Antônio da Ilha e
Francisco de São Boaventura, com o
objetivo de promover a instalação do convento. Como, da mesma sorte, começar a
construção, cujas obras, na realidade, somente tiveram início em 1587.
Ocorre que adiante, mais precisamente em 1675, foi
providenciada uma reconstrução sob a administração do Provincial Frei Vicente das Chagas o qual, por seu
turno, autorizou ao Frei Daniel de São
Francisco a adotar algumas providências no sentido de que fossem angariados
donativos que se destinariam às obras. Ocorre que, com o “andar da carruagem”,
a congregação alcançou razoável crescimento, por conta do que os novos
edifícios tiveram que ser projetados em escala mais ampla.
Pedra fundamental em 1686
O início das obras do Convento e Igreja de São Francisco, em
Salvador-Bahia, ocorreu precisamente no dia 20 de dezembro do ano de 1686, com
o lançamento da “pedra fundamental”,
sendo que o primeiro espaço a ser objeto da obra foi o claustro que, por sinal, obedeceu ao projeto de Francisco Pinheiro. Um pouco mais à
frente, exatamente no ano de 1701, foi a vez de ser autorizada, também, a
construção da igreja da Ordem Terceira.
O que ocorreu juntamente com o cemitério e algumas outras dependências.
Obras de complementação foram identificadas a partir de 1705, quando se percebe terem sido inseridos revestimentos no claustro, como, da mesma sorte, identifica-se ter sido erguido o altar da enfermaria. Um pouco mais adiante, em 1710 é que foram concluídos os muros e lançados os primeiros pilares. Já se constata, pelos elementos históricos, de que os azulejos pintados, constantes da decoração, somente foram inseridos entre 1749 e 1752.
A capela-mor, por sua vez, somente veio a ter iniciada a sua
instalação em 1708. No entanto em virtude do declive dos fundos do terreno
houve necessidade de ser aterrado, com a colocação, inclusive, de alicerces.
Coube, então, a Manoel Quaresma a
função de supervisionar as obras tendo ele, posteriormente, e por sinal, sido
sucedido pelo frei Hilário da Visitação, o que ocorreu em 1710.
Todavia não está muito bem esclarecido no histórico do monumento quem foi o
arquiteto do projeto. Admitem alguns que tenha sido mesmo o Francisco Pinheiro.
O que se constata mesmo é que o projeto teve que ser
alterado, com a dispensa da gralilé,
por conta do fato de que o Síndico do Convento, Francisco Oliveira Porto iniciara, no local, a construção de umas
casas onde ele deveria ficar.
Antes da conclusão das obras, o acevo já funcionava
Já em 1713 estavam concluídas as obras da capela-mor, do arco
do cruzeiro e até mesmo as paredes na localização onde ficariam os púlpitos,
razão pela qual, ali, já se poderiam ser iniciados os cultos. Esse trecho, e
verdade, foi consagrado no dia 3 de outubro daquele ano. Quando ao restante do
corpo da igreja, em que estava incluída a fachada em arenito, só teve a sua
conclusão em 1720. Ano em que, também, foi instalado o coro, por sinal,
reaproveitada, que foi, da edificação anterior. As obras de decoração interna
prosseguiram logo após.
Na sequência da construção foi que o frei Álvaro da Conceição teria determinado a conclusão dos pilares do próprio claustro. Por sua vez, a pintura de tantas criativas imagens no teto do templo ocorreu a partir de 1733, da mesma sorte como o retábulo de São Luís situado ao lado do arco do cruzeiro. E prosseguem o correr das datas para aquela magnifica obra: coube ao Frei Manoel do Nascimento promover o início da restauração do piso, para o que fora encomendado um retábulo de Nossa Senhora da Glória. Da mesma sorte identificado ao lado do cruzeiro.
Já as obras do próprio claustro ocorreram entre os anos de
1749 e 1752, com a inclusão também da biblioteca. A partir de então foi
concluído o altar e a portaria, em que se instalaram os azulejos a seguir, em
1782. A construção das torres do conjunto ocorreu entre os anos de 1796 e 1797,
local onde foram instalados os sinos e o relógio. O que mais demorou foi o
revestimento de pedras azuis e brancas nos coruchéus, pois somente vieram a
ocorrer cerca de um século depois.
Igreja e convento em um conjunto histórico
O que se pode aduzir é que a igreja e o convento constituem,
em verdade, um conjunto de edifícios históricos, extremamente ricos e
singulares. Sobretudo em virtude, inclusive, da decoração interna toda
revestida de ouro. Conjunto que tem, ao lado, a Igreja da Ordem Terceira de São
Francisco, que se constitui em um magnífico exemplar da tradição barroca no
Brasil. Cuja fachada é ricamente trabalhada com decoração em alto relevo da
mesma sorte tombada pelo IPHAN. Razão de constituir, na verdade, parte de um
dos mais expressivos conjuntos monumentais de Salvador, na Bahia.
A Igreja de São Francisco, por sua monumentalidade, é um dos templos preferidos para casamentos, tendo, inclusive, custo especial, a depender, inclusive, de uma série de fatores. A exemplo do exato local onde ocorra a solenidade, a própria frequência de procura, bem assim com respeito ao horário preferido. Às 18:00 horas, por exemplo, um casamento terá o custo de R$2.800,00, enquanto duas horas após, 20:00 horas, pois, o valor alcança R$3.800,00 a R$4.800,00. Evidente de que esses valores são alterados na forma em que a inflação atue.
No que respeita à solenidade das missas, o horário habitual
indica que aos domingos e feriados ocorram à 08:00, 10:00, 1600 e às 17:30
horas. Já às sextas—feiras passam para somente as 17:30 horas, enquanto de
segunda-feira a sábado, ocorrem às 09:00 e 17:00 horas.
O símbolo dos Capuchinhos
Embora todos, sobretudo os próprios baianos, convivam diariamente e admirem a Cruz de Mármore que constitue um marco bem em frente à Igreja e Convento de São Francisco, em Salvador, é, na realidade, um símbolo dos templos dos Capuchinhos da época em que foi erigida, entre 1805 e 1808. Mas, o que causa até mesmo certo espanto aos que lhe visitam, sobretudo pela primeira vez, é o fato do interior da igreja ser todo recoberto em ouro e jacarandá, cujas talhas retratam anjos, animais e flores. Além disto, da mesma sorte, são extremamente surpreendentes aos que contemplam toda aquela obra os numerosos painéis de azulejos em tons azul, tanto na entrada quanto no altar, bem assim na sacristia. Retratam cenas alusivas tanto a São Francisco de Assis. São peças que foram pintadas por Bartolomeu Antunes de Jesus, que foi, nada menos do que um dos grandes mestres da azulejaria portuguesa, e cuja origem é de 1686. Aqueles azulejos constituem, na verdade, a consagração de um projeto do Padre Vicente das Chagas.
No século XX, os edifícios históricos, como aqueles, sofreram
intervenções de restauro em inúmeras ocasiões.
O que se pode observar é que a planta da Igreja é, na verdade, um
elemento incomum entre as edificações franciscanas no Nordeste Brasileiro, pelo
fato de que, na realidade, conta com três naves. No entanto, o que ocorre é que
os desenhos reais que se admitiam à época contavam com simplesmente uma nave.
Por outro lado, observam-se de que a fachada tem influência maneirista,
possuindo duas torres laterais e mais uma coluna central, cuja decoração
especial encontra-se no frontão.
Por seu turno, no interior da nave, a superfície, ou seja,
paredes, colunas, teto, capelas, são todos revestidos de complicados detalhes e
douraduras, em torno de florões, frisos, arcos, volutas, convivendo ao lado de inúmeras
figuras de anjos e pássaros espalhados por inúmeros locais. Como também são
inúmeras inscrições moralistas em torno. Por tudo isto é considerada uma obra
das mais significativas do Brasil. Até em virtude do seu teto, onde se
encontram pinturas sacras do Frei
Jerônimo da Graça, consideradas como tendo sido elaboradas entre 1733 e
1737.
Os valiosíssimos painéis de azulejos
Por fim, é de observar de que o Convento foi edificado em
torno de um claustro quadrado, contando
com um sub-solo e dois pavimentos sobre o nível da rua. Até mesmo a portaria
lateral conta com painéis em pinturas ilusionistas no teto. As quais são
atribuídas a José Joaquim da Rocha, e
são da metade do século XVIII.
Magnifica matéria, um artigo muito bem descritivo, que nos leva ao local. Entendi que "minha mãe" era a querida Teresa? estou certa?
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