O Vinho,
Néctar
dos deuses ou embalo da humanidade
(Carlos
Casaes e Carla Maria)
Não
somente na antiguidade, mas até hoje são várias as teorias com respeito à
origem do vinho, bebida que, internacionalmente, rivaliza – de certo modo – com
a cerveja e o chá, como a bebida mais eleita por todos os povos. Até hoje, no
entanto, citações divergem, mas a verdade é que o vinho não é uma bebida
surgida em tempos próximos, mas acontece praticamente desde que a civilização
se incorporou à vida no globo terrestre.
O fato é que não se conhece precisamente onde teve início a produção do vinho, conquanto historiadores sugiram, dentre tantas versões - ter sido na China, Geórgia e Irã, em 6.000 a 5.000 a.C., essas poderiam ter sido as localizações do começo de tudo. Mas há ainda uma outra teoria, a qual indica que poderia ter sido o início do vinho em outras partes, até porque se descobriu jarras de cerâmica que contariam com micronutrientes de vinho em locais como áreas mediterrâneas de 5400 a.C. a 3.000 a.C. O fato é que vai-se ver adiante, inclusive, de que foi na Grécia e Roma antigas locais em que a produção do vinho se expandiu por toda a Europa.
No
entanto, são muitas as versões.
Garrafas,
rolhas e vinho
No
entanto, há outras histórias curiosas, como a dos persas, para os quais a
história do vinho teria começo
através das emoções de uma princesa que, com as suas decepções de vida, por ter
visto distanciar-se o seu amor, que era o rei, gerou uma lenda fantástica. A
lenda é que, tão abatida que ficou, decidiu pelo suicídio como a sua solução, o
que buscou através daquele suco de uva “passado”. Ocorre que o efeito foi
inverso, pois a princesa observou que o seu humor renascera, então, o que lhe
proporcionou até a reconquista daquele amor que se lhe parecia impossível.
Uma outra crença é a dos cristãos que entendem que foi NOÉ quem produziu o primeiro vinho do mundo, o que se manifesta pela Bíblia, através do Antigo Testamento. Está no Gênesis a notícia de que NOÉ começou o cultivo da terra, tendo plantado uma vinha. Mas registros históricos contam-nos, também, que as primeiras vinhas teriam sido cultivadas na Idade da Pedra, por volta dos anos 8000 a.C.
Teria
ocorrido no Cáucaso?
O
que é verdade é que se reconhece serem as vinhas cultivadas na Geórgia, região
do Cáucaso, tão distante, pois na Idade da Pedra, serem as mais antigas. Os que
sustentam essa tese afirmam, ainda, de que teriam sido ali, pelo menos
indícios, informações do primeiro plantio realmente programado pelo homem. Por
consequência, a tese avança para supor ter ali nascido, também o vinho.
Mas
a Grécia recebeu as uvas por volta dos anos 3.000 a.C, o que ocorreu via
mercadores fenícios, tendo sido o vinho desenvolvido no país, do que se insinua
ter sido tanto na mesma área econômica quanto na cultural. Verifica-se de que,
ao contrário do que ocorria no Egito Antigo, a bebida era consumida por todas
as classes de trabalhadores. Daí o vinho ter passado a ser ainda mais consumido
e, por consequência, ter sido ainda mais cultivado.
Ocorre
que os gregos sempre são considerados como alguns dos primeiros a enxergar na
bebida alguma coisa muito além de uma produção artesanal.
Acentua-se
que a importância do vinho na Grécia seria materializada na figura de Dionísio,
mais conhecido como o deus das belas artes, do teatro e, também, do vinho. Mas
também se informam que os gregos tinham o hábito de consumir o vinho com a água
do mar.
Há
os que afirma terem sido os primeiros registros do vinho encontrados no Egito.
Esses documentos datam de 3.000 a 1.000 a.C. Ali já se tem notícias da forma
como eram plantadas as parreiras, bem como identificam a prática da prensa com
os pés, após a colheita, seguindo a fermentação até o armazenamento.
Acentuam-se, até, que, enquanto os vinhos leves recebiam fermentação de alguns
poucos dias, os mais alcoólicos passavam até semanas pelo processo.
O
“cálice” na Santa Ceia”
Mas
ainda aí está, até hoje, a religião católica que, com os seus cânones, sugerem
terem as vinícolas afirmadas durante a IDADE
MÉDIA. Fato é que a ascenção da Igreja Católica no século IV contribuiu
decisivamente para a expansão do vinho, em virtude do ato da eucaristia, quando
o vinho é exaltado como o exemplo do
próprio sangue do Nosso Senhor Jesus Cristo. Momento em que o sacerdote,
elevando o cálice, proclama, como tendo sido manifestação do próprio JESUS,
durante a “Santa Ceia” com os apóstolos:
- “Bebei todos...”
- “...Este é o cálice do meu
sangue, o sangue da nova e eterna aliança, que será derramado por mim e por
todos, para a remissão dos pecados. Fazei isto em memória de mim!”.
A realidade é que são os povos romanos que, historicamente, são considerados, para o entendido como Velho Mundo, como os que conquistaram o prestígio no que concerne à produção do vinho. Já na tida como a era moderna, a expansão das rotas marítimas conduziram as ordens religiosas a fabricarem o vinho, chegando à sua comercialização, depois do uso nas cerimônias.
Ocorre que até no âmbito da medicina tinha-se, então, como verdadeiro o fato de que aquela bebida consistia em um vetor de propriedades curativas contra o que seriam doenças diversas.
A interferência da igreja católica na propagação do vinho, da mesma sorte, por exemplo, afirma-se no continente americano, porquanto, lá pelos idos do século XVI, mais notadamente no México, foi ali introduzido o seu uso, por conta, inclusive, da realização da eucaristia. A verdade, no entanto, é que, na Idade Média, o vinho já integrava as refeições. Pois que, tanto quanto, a própria cultura greco-romana o exaltou através da mitologia, entenda-se o deus Baco ou Dionísio, como do mesmo modo se encontra nas tumbas dos faraós egípcios, que é a civilização mais antiga da história da humanidade.
Mundo Novo ou Velho, onde se produziu o vinho
Para os países que, na realidade, são produtores do vinho, Velho e Novo Mundo são expressões comuns, quando se leva em consideração a produção desse líquido. Discute-se, então, se a sua cultura é considerada introduzida ou mesmo originada ali. São, pois, os países do, denominado, Novo Mundo, aqueles que conseguiram introduzir a história da cultura e do cultivo do vinho. Já, em contrapartida, os países do Velho Mundo são tidos, realmente, como o berço da produção.
Por conta disto, França, Itália, Espanha e Alemanha, por exemplo, são as nações europeias consideradas como do Velho Mundo. Ali é onde as técnicas de vinificação são tidas como mais tradicionais.
Como natural decorrência do que se desenvolveu na Europa, os considerados como integrantes do Novo Mundo, liderados pela Austrália, e seguidos da Nova Zelândia e África do Sul, agregaram a tecnologia e a ciência na sua produção. Aqueles países, por sua vez, foram, ainda, seguidos pela Argentina, Chile, Colômbia, México, Peru, Estados Unidos e Canadá.
Em que país surgiu o vinho, finalmente
Certo é que a história do vinho considera o fato como uma questão climática, razão pela qual se insinua de que a maior concentração de registros da história do vinho venha do Mediterrâneo. Até porque foi na região do Cáucaso onde foram encontrados os primeiros fósseis, como também as primeiras prensas e os primeiros equipamentos vinícolas. E na região bem próxima à Armênia.
Como centro das civilizações do Vale do Nilo, como também por ser polo econômico e cultural, o Egito é indicado como tendo sido fundamental no desenvolvimento do vinho no mundo Antigo. Porquanto se insinuam que documentos e mesmo pinturas concentrariam indicações de vinificação e consumo do vinho, o que ocorreria durante celebrações e rituais. E lá se vão cerca de 3.000 anos antes de Cristo.
Daquela época mesmo existem até alguns hieróglifos procedentes dos faraós que viveram na época considerada “pré-dinástica”, os quais exibiriam notícias de como se preparavam o vinho, então. Embora se considere de que o vinho, àquele momento, não teria sido uma bebida voltada para a plebe, sendo apenas considerado para os próprios faraós e suas respectivas famílias.
Assegura-se até de que aquelas autoridades prestigiavam tanto o vinho que chegaram a levar para os seus sarcófagos, porquanto era tese válida de que poderiam brindar em outras vidas.
Uma outra questão que gira em torno da história do vinho resulta em torno da afirmação de que os primeiros enólogos teriam sido mesmo os egípcios. Uma vez que se tem como de sua criação o processo de fermentação, tido como o mais importante na produção do produto. Mesmo levanto em conta de que tal fermentação resulta de um processo natural, considera-se também de que o segredo da produção seria a capacidade de aprender a laborar com o processo.
A fermentação como indicador
É que teriam sido os antigos egípcios que revelaram ter conhecido e criado formas de fermentação ainda utilizadas nos dias que correm. Porquanto os vinhos eram processados a partir da fermentação de suas uvas com as cascas o que, depois é que eram filtrados através de tiras de linho. Mas, ao lado disto, não era raro o fato da produção do vinho decorrer a partir de outras frutas, a exemplo do figo, das romãs ou das tâmaras.
Contudo, sabe-se que, então, adicionava-se açúcar como objetivo de acelerar a fermentação. Consequência natural foi aumento do consumo do vinho no próprio Egito, do que resultou impulso no seu comércio, fosse interno quanto externo. Até porque, já em 2.000 antes de Cristo, desde os mercadores fenícios, foi que a Grécia começou a receber o produto com o qual se identificou totalmente.
As conquistas de Alexandre, o “Grande” são, por conta disto, apontadas como responsáveis pelo entusiasmo dos gregos pelo vinho. Dali, espraiou-se por toda a Europa Ocidental, bem assim pela Ásia. Sendo a Grécia, então, invadida, por conta daquele arrebatamento, pelas tantas vinícolas. Tem-se como procedentes dali, ainda hoje, inúmeras das variedades de uvas viníferas conhecidas no mundo. Afirmam, do mesmo modo, que o desenvolvimento da produção do vinho na Grécia alcançou tal limite que os seus naturais teriam concebido o conceito de envelhecimento da bebida. Até hoje empregado na sua apreciação.
Àquela época, era até hábito dos gregos forrar as ânforas com resina de madeira, com o objetivo de proporcionar melhor sabor. Foi dali que se passou a admitir, inclusive, os proclamados barris de carvalho, por sinal, surgidos em Roma, tempos depois.
O vinho na agricultura
Seja ou não de fé o fato de que arqueólogos asseguram que o vinho teria o seu surgimento na pré-história. Onde localizam resquícios dos caroços da uva em cavernas. Mas, até hoje, nada de concreto prova essa teoria. O que é mais aceito é que a elaboração das vinhas tenha ocorrido a partir da Revolução da Agricultura, cuja origem tenha ocorrido – na forma do que sustentam pesquisadores – entre a Geórgia, a Armênia e a Turquia. Região identificada como Cáucaso, em tempos idos que remontariam a nada menos do que 8.000 anos.
Foi quando se iniciou a comercialização pelos mesopotâmios. Ainda em odres. Posteriormente aquela comercialização se tornaria comum entre os sumérios e babilônios. Já no século III a.C., identificam-se faixas de terra em torno do rio Nilo, como destinadas ao cultivo da uva. Achados arqueológicos do Egito apontam desenhos e hieróglifos que registram como era, então, aquela vinicultura, no local. Indiscutível, porém, a importância dos gregos na tarefa de difundir o vinho na Antiguidade.
No entanto, foram também os povos helênicos que primeiro estudaram as propriedades medicinais do vinho. Diversamente do que era constituído no Egito e na Grécia. À época, grandes ilhas da Sicília, na costa da península italiana, bem assim ao sul da França, eram colônias gregas, então, pelo que, logicamente, foram influenciadas por aquele país, sobretudo no que respeita ao consumo do vinho por todos os estratos sociais.Descobertas elevam a confusão
Ocorre que, a descoberta de uma adega de 3.700 anos o que ocorreu na cidade de Tel Kabri, em Israel, leva a crer, também, que o vinho teria nascido ali. Robustecendo sobremaneira a confusão em torno. Sobretudo porque se divulgou muito ter um grupo da Universidade George Washington encontrado nada menos do que 40 jarras contendo o que, no passado, foi considerado como vinho.
Uma outra versão, ainda, um tanto lúdica, assegura que a tal bebida teria surgido mesmo foi na Pangea. Isso teria sido nos momentos em que os continentes seriam apenas um. É, pelo menos, o que especulam alguns cientistas, no sentido de que a família de plantas que teria originado a vinha correspondesse a uma trepadeira que era encontrada no supercontinente Pangea. Isso, muito antes que as terras se separassem, o que deu lugar aos vários continentes.
Roma também no contexto
Vem, então, o momento de Roma com respeito ao vinho, pois, procedente da Grécia, ali aportou nada menos do que em 1.000 a.C., exatamente quando os romanos se encontravam extasiados, por sinal, com a cerveja. E o vinho ali produzido, na verdade, tinha baixa qualidade, razão pela qual era exportado para os bárbaros. Contudo, foi em meados de I a.C., quando ocorria uma batalha na Tunísia, que os romanos descobriram livros que tratavam da vinicultura. É apontada aquela época como o momento em que o interesse pelo vinho nasceu entre os romanos.
Foi o processo que levou aqueles mesmos povos a serem considerados como especialistas no cultivo da uva e na consequente produção do vinho. Até porque eles passaram a catalogar e classificar os tantos tipos de uva. Por sinal, com o desenvolvimento do cultivo, os romanos inventaram o barril de madeira, como também perceberam que certa madeira incidia no próprio sabor do produto, com o seu amadurecimento. E foram também os romanos os primeiros que passaram usar garrafas de vidro para armazenamento.
Na Itália é o Vêneto o grande exportador
A localização da maior exportação do vinho na Itália é no Vêneto. Até porque o desenvolvimento moderno tem sido a tônica da sua aplicação. Embora as origens do vinho naquela região indiquem a antiguidade, em que foram os etruscos que dominaram a região e, por conta disto, eram os que praticavam a agricultura e, por consequência, o cultivo da vinha. E isto ocorreu lá pelos idos dos 600 anos a. C.
O Vêneto se assemelha a outras regiões do país, com respeito à invasão dos bárbaros, quando, ali, o renascimento ocorreu em torno do ano 1.000 a.C. e que se aponta como tendo sido protegida pela “Sereníssima República de Veneza”. Já na era moderna, a produção do vinho veneziano sofreu influência mesmo da Áustria. Mas, nos dias que correm, é ali que está a maior exportação de vinhos do país.
É de se observar, inclusive, de que o desenvolvimento da produção do vinho na região do Vêneto teve, sem dúvidas, grande influência da República de Veneza com respeito à atividade mercantil inserida na própria Europa. Sobretudo em face da sua localização, confrontada que se encontra com o mar Adriático, como também contemplada pelo Oriente. Por conta do que o desenvolvimento comercial foi largo, tendo o vinho como principal produto. Considerada a rota de todo o Mediterrâneo. Até porque, entre os séculos XV e XVI, Veneza é revelada como o primeiro grande exportador de vinho no Mediterrâneo. Foi, sem dúvidas, a grande potência econômica daquela época.
Mas Veneza proporcionou, também, uma outra grande contribuição para a vinicultura quando, por volta de 1.300, foi resgatada a antiga arte romana de fabricar vidros transparentes, prática que os venezianos foram se inspirar na Síria. Oportunidade histórica em que estabeleceram na ilha de MURANO a fabricação dos cristais famosos. Por conta do que, em torno do século XVI, os seus vinhos eram contemplados em garrafas, o que foi seguido por toda a Europa.E ainda tem a história do vinho francês
Foi com a queda de Roma, na Era Medieval, que se insinuou o uso do vinho nos banquetes. E tal ocorreu mais precisamente na França, especialmente quando foi imperador o Carlos Magno, no considerado Sacro Império Romano-Germânico, com a expansão do reino da França. Foi ali, então, que o vinho alcançou sua evolução e mesmo sua regulamentação. A partir de então, identifica-se na realidade a fundação da ordem dos monges cistercienses, que foram os maiores apoiadores do vinho, pois conduziram as primeiras mudas do tipo Chardonay, o que resultou em ser ali a região maior produtora do vinho branco.
Mas, uma outra coincidência ocorreu no fato de que, também naquele momento, final do século XVI, identificou-se a descoberta inteiramente casual do espumante, o que aconteceu em um mosteiro francês.
O vinho fora da Europa
Sem a menor dúvida de que foi a igreja católica a maior responsável pelo fato da produção do vinho extrapolar da Europa. Porque foi a consequência na chegada do vinho nas Américas. E ocorreu, inicialmente, através do México, o que se materializou no século XVI, curiosamente, através de missionários que o usavam na eucaristia. Foi tão exitosa a sua produção que passou a se tornar concorrente da Europa.
Coincidentemente, verificou-se uma extrema crise na produção do vinho na França, em fins do século XIX, consequente da enorme influência de uma praga, a Filoxera, que atacou as plantações com efeito devastador. Ali se originaram as espécies híbridas, como forma de enfrentar a praga.
Um outro país que se inseriu no âmbito do desenvolvimento da produção do vinho foi a África do Sul. Na realidade, a iniciativa do cultivo da uva para o fabrico do vinho veio a ocorrer ali no século XVI. Coincidindo com a chegada dos holandeses que aconteceu precisamente no Cabo da Boa Esperança. Por via de natural consequência, da África, o vinho emigrou para a Austrália e para a Nova Zelândia, precisamente no final do século XVIII.
Aqueles países eram considerados como “Novíssimos Mundos” e tiveram bastante acentuado o consumo interno do vinho ali produzido. Mas, da mesma sorte, passaram a exportar para o Reino Unido. Em tempos atuais, os rótulos daquela região demonstam ser prestigiados em todo o mundo.
O vinho na América do Sul
Fala-se muito, quanto ao cultivo das uvas, elaboração de vinhos e sua comercialização, nos países sul-americanos: Argentina, Chile e Uruguai. No entanto, existe uma intensa cultura no Sul do Brasil, mas é uma atividade que, da mesma sorte, é muito cuidada pelos vizinhos Peru, Colômbia e Venezuela, onde a produção de vinho vem conquistando espaços cada vez maiores. Uma curiosidade é que, no Peru, a maior parte da produção da uva destina-se, prioritariamente, à fabricação da bebida típica local, o PISCO SOUR, que é considerada como a famosa “caipirinha” do Peru. O que, na realidade, não passa de um licor da uva, através da fermentação do vinho, fresco, bem assim a destinação do mosto da uva.
A Colômbia não é um país tido como rota tradicional do vinho, mas a sua indústria vem se fortalecendo a cada ano. Enquanto também na Bolívia o mercado vem crescendo, conquanto ainda com pequena produção. Mas, a verdade é que o seu vinho, elaborado com o tannat teria ficado atrás apenas do correspondente francês La Tyre, que, por sinal, tinha custo dez vezes mais que o boliviano
Curiosamente, em 2020, a Zuccardi Valle de Uco, a 100 quilômetros de Mendonça, na Argentina, foi eleita pela segunda vez consecutiva como a melhor vinícola do mundo, pela “World’s Beste Vineyards”, tendo sido considerada pelo prêmio como a “joia dos Andes”.
O vinho, também viraliza no Brasil
As raízes do vinho no Brasil remontam ao ano de 1530, ano em que foram plantas as primeiras videiras, o que ocorreu na Capitania de São Vicente, região que pertencia a Brás Cubas, que foi um fidalgo português. Mas ocorre que a produção do vinho só veio a cresce no Brasil no início do século XX, notadamente há muito pouco tempo, com relação ao resto do mundo.
Foi ali que ocorreu o fim da escravidão, por sinal, quando sobreveio a chegada de milhares de imigrantes europeus, sobretudo provindos da Itália, país notadamente proclamado como um dos maiores produtores do vinho.
E é o Rio Grande do Sul, especialmente na região serrana, que se mostra como o grande produtor do vinho brasileiro, em todas as suas vertentes.
E na Bahia?
No nosso Estado, a produção de vinho é um tanto recente, em cidades que se encontram no Vale do São Francisco, destacando-se, sobretudo, pelos espumantes. São, na realidade, sete vinícolas naquela região, duas das quais em território baiano, enquanto outras cinco encontram-se em terras de Pernambuco. O diferencial da produção do vinho naquela região é que, contrariamente ao que ocorre na Europa, por exemplo, onde só existe uma produção anual, no Brasil, a produção ocorre por todo o ano.
Sobretudo a produção dos espumantes vem conquistando crescente posicionamento no mercado mundial. Pois as vinícolas daquela região produzem cerca de 3.2 milhões de litros de espumantes num ano. Esses números correspondem a nada menos do que 15% da produção nacional. Uma das vinícolas da Bahia é a Terra Nova, do Miolo Wine Group, localizada precisamente na cidade de Casa Nova, no norte do Estado. A produção anual dela é de 2 milhões de litros de vinho e espumantes.
Por seu lado, a vinícola em Curaçá, da mesma sorte que a anterior, no norte do Estado, tem um desempenho artesanal, razão pela qual a sua produção é mais limitada. Na realidade, o cultivo da uva no Vale do São Francisco iniciou-se em 1980, sendo que há crescente índice de produção ano a ano. Com destaque não somente para o mercado interno, mas também para o exterior.
Essas propriedades encontram-se no sertão baiano, em meio à catinga, onde a produção vem crescendo. Num clima semiárido, são utilizados nada menos do que 200 hectares com a uva. Ocorre que não há inverno naquela região, o que proporciona um cultivo o ano inteiro. Eu tive a oportunidade de visitar a região e fiquei encantado com o que vi, sobretudo pelo fato de se encontrar naquele espaço.
A novidade é que os vinhedos são irrigados por um sistema de gotejamento com as águas do Rio São Francisco, fato que permite que a colheita ocorra o ano inteiro. Somente a vinícola de Casa Nova é responsável pela metade da produção de vinhos e espumantes da região. E é de se ver que as sete vinícolas empregam mais de 30 mil trabalhadores, direta e indiretamente.
Estime-se que a fazenda de Casa Nova produz, por ano, cerca de 5 mil toneladas de frutas, abastecendo, sobretudo, as regiões sul e sudeste do Brasil. Uma outra conquista foi o moscatel, que foi objeto da “medalha de ouro” em concurso na Itália, no ano de 2010, bem assim conquistando a prata no concurso mundial de Bruxelas, etapa Brasil. Enquanto em 2017 foi o “brut branco” que conquistara ouro na disputa de Bruxelas, sendo que o reserva repetiu o feito no ano seguinte.
Por sua vez, o vinho “Testardi Syrah”, produzido na vinícola, encontra-se entre os 20 melhores do Brasil. Pois ele foi o vencedor da categoria vinho nacional no concurso “Top Ten” da Miolo Wine Group, que ocorreu em 2012 na Expovinis, a maior feira de vinhos da América Latina
E o CHAMPANHE, onde se situa?
A verdade é que, nesse contexto todo do vinho, um tipo sagrou-se destinado às grandes celebrações e comemorações: o CHAMPANHE. E são as uvas Pinot Noir, Pinot Meunier e Chardonnay as responsáveis pelos melhores champanhes no mundo. E há uma curiosidade muito interessante, o fato de que a denominação de CHAMPANHE só pode ser reconhecida naqueles produtos procedentes da própria região de Champanhe, na França. Localização que, por sinal, fica bem próxima a Paris e que é uma das mais visitadas por turistas em toda a França.
Por consequência, os vinhos efervescentes produzidos em qualquer outro local no mundo só podem ser classificados como “espumantes”. Nestes, destacam-se, então, os prosecos, lambruscos e franciacorta, que são produzidos nas regiões do Vêneto e da Lombardia. Na Espanha é o vinho cava, da Catalunha. Outra categoria de espumantes são os conhecidos como “frisantes”, que contêm menos gás carbônico, sendo o branco o mais consumido.
Curiosidade é que o champanhe Piper-Heidsieck, que se encontra entre os 10 mais consumidos no mundo, é a bebida oficial do Oscar, desde 2015, como também é a bebida oficial do Festival Internacional de Cinema de Cannes, desde 1993.
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