Muitas situações estranhas ocorrem nos jogos de futebol
(CARLOS CASAES e CARLA MARIA)
Eu exerci as
funções de redator esportivo por cerca de 20 anos. Fui titular nos antigos
veículos “Diário de Notícias” e “Estado da Bahia”, dois jornais diários
(matutino e vespertino, respectivamente), inclusive chegando à condição de
“chefe de página” – à época, existia essa dicotomia: o matutino circulava a
partir das 06:00 horas e o vespertino a partir do meio-dia. Em Salvador, àquela
altura, ainda circulavam o matutino Jornal da Bahia, do empresário de Feira de
Santana JOÃO FALCÃO, e o vespertino A Tarde, da família do jornalista ERNESTO
SIMÕES FILHO.
Ambos os
veículos em que atuei integravam o grupo “Associados”. Quando afirmo que, este,
foi um conglomerado de veículos de comunicação dos maiores do mundo, amigos que
não o conheceram se espantam. Seguramente foi o maior da América Latina: normalmente,
quando faço essa referência, imediatamente questionam-me se seria ainda maior
do que o grupo “Rede Globo”.
Diante da dúvida, explico: asseguro que sim e evidencio: que eu saiba a “Rede Globo” só possui veículos de propriedade da família
MARINHO no eixo do sudeste (Rio/São Paulo). No restante do país, são muitos os
veículos integrantes da rede, apenas que o são na condição de “afiliados”, e
não como propriedade do grupo. É o caso, hoje, dos veículos daqui da Bahia: TV
Bahia, jornal Correio da Bahia e emissora de rádio, que são apenas “coligados”,
mas de propriedade da família do ex-senador Antônio Carlos Magalhães.
“Associados” maior
organização jornalística
Enquanto os veículos “Associados”, em todos os estados brasileiros (jornais, revistas, emissoras de rádio e de televisão) eram de propriedade do jornalista paraibano ASSIS CHATEAUBRIAND. Aliás, vale mencionado de que o mesmo foi o introdutor da televisão no Brasil. Por conta disto, eram veículos “Associados” daqui de Salvador a TV Itapoã, a Rádio Sociedade da Bahia e os dois jornais. Por sinal, o grupo aqui era dirigido pelo, também jornalista, pernambucano, ODORICO TAVARES.
É oportuno
que lembre o fato de que, por volta de 1976, o jornalista ASSIS CHATEAUBRIAND
(que chegou a ser uma personalidade do maior prestígio no país e
internacionalmente) acabou saindo de circulação, por conta de ter sido
acometido por um “AVC”, que o desativou completamente de qualquer atividade.
Prostrado que ficou em uma cadeira de rodas. Foi a razão da derrocada de toda a
organização, pois, embora o Senador pelo Espirito Santo, JOÃO CALMON, que era
seu amigo e exercia a condição de Superintendente do grupo, desenvolvesse todos
os esforços no sentido de preservar a organização, a ausência da ação do
“comandante” e o fato de que só tinha um filho – seu herdeiro universal - que
não se identificava com a atividade, a organização diluiu-se inteiramente em
todo o país. Aqui em Salvador, os dois jornais simplesmente fecharam, enquanto
as emissoras de rádio e de TV foram vendidas.
A minha experiência com
o esporte
Essas
referências, o faço por conta de esclarecer que tive bastante intimidade com o
esporte naqueles anos, por força do envolvimento profissional. Particularmente
com o futebol (mas, também, com o esporte amador), o que me fez conhecedor de
todos os meandros dessa atividade. Então, ainda hoje, quando acompanho os jogos
daqui de Salvador, do Brasil, ou mesmo do exterior, o faço com olhos de crítico
profissional. É o caso do fato de que sou um “cara” extremamente surpreso com alguns
lances que estão ocorrendo no futebol atual, que não tinham evidência àquela
época – décadas de 1956 a 1976, por exemplo.
Aliás, bom também que recorde que, com
respeito ao futebol, sou do tempo em que, aqui em Salvador, esse esporte
começou a ter a sua relevância no Campo da Graça. Hoje, o local é considerado
como um dos mais nobres bairros da cidade: a Graça. Era a época em que algumas
situações eram totalmente diversas do que ocorre hoje. Por exemplo: o placar
nem imaginava que um dia seria “digital” com as suas imagens animadas
transmitidas simultaneamente, inclusive com os lances do jogo, tanto quando as
diversas mensagens. Então, o placar, com os nomes dos adversários, era
produzido antecipadamente em placas de madeira e pintadas.
As situações tão
curiosas de hoje
No caso, da
mesma sorte, naquele mesmo placar o escore do momento, na competição, era
determinado por placas com os números desenhados a tinta, que eram mudados
manualmente na medida em que os tentos iam acontecendo. Um outro pormenor
interessante é que, do mesmo modo àquela época, a assistência no caso de
contusão era proporcionada através de um médico e um massagista. Este com atuação
por vezes mais destacada. Nunca raro existia, na competição, apenas uma bola e
quando ela caía na rua – o “estádio” era muito pequeno e arremessos violentos
às vezes fazia ultrapassar a altura das arquibancadas – tinha-se que aguardar
que alguém fosse busca-la.
Um outro
pormenor muito interessante para os dias que correm é que ainda não havia sido
adotada a possibilidade de substituição de atletas. Como ocorre hoje, com até,
no máximo, 5 jogadores por equipe. Então, quando um titular era vítima de
contusão que o dificultava de continuar jogando, não deixava o campo. A não ser
que fosse alguma coisa suficientemente grave. O que acontecia era que, se a
contusão fosse relativa, de modo a não lhe proporcionar as condições normais
para continuar atuando, ele era, sistematicamente destinado a se situar pela
“extrema direita”, posição que o deixava praticamente sem utilidade. Apenas
para não desfalcar a sua equipe.
Da mesma sorte como a escalação das equipes não contemplava, como hoje, as diversas fórmulas. Permanentemente, todos os times tinham a sua escalação da seguinte e mesma forma: goleiro, dois zagueiros, uma linha média com três atletas, e o ataque com cinco integrantes (ponta direita, meia direita, centroavante, meia esquerda e ponta esquerda).
Há algum
tempo, inventaram algumas fórmulas para escalação, como o “WM” e tantas mais.
Alguns outros exemplos das fórmulas de escalação: 433, 442, 532, 343, 451, 532,
4141, 424, e por aí.
As equipes e suas
torcidas
Vale
lembrado de que, para iniciar a competição, as equipes não ingressavam no
gramado conduzidas pelos árbitros e enfileiradas, para ouvirem a execução do
Hino Nacional. Como ocorre nos nossos dias. Cada qual entrava no gramado
isoladamente, correndo até a localização de suas torcidas que, evidentemente,
iniciavam a sua extrema vibração.
Lembro,
mesmo, de um episódio àquela época, que mostra como era poderosa, já, a torcida
do Bahia. Num evento em que o tricolor atuava contra um outro adversário na
Fonte Nova, era árbitro da contenda o consagrado nacionalmente – à época –
Armando Marques. Contou-me, quem assistiu ao ocorrido que, quando a equipe
tricolor deveria ingressar no gramado, o seu Presidente, OSÓRIO VILLAS BOAS, conteve
os atletas na “boca do túnel” – saída para ingressar em campo – aguardando que
o árbitro tivesse acesso ao gramado. Quando Armando Marques entrou, então
Osório “soltou” os atletas tricolores, o que provocou uma verdadeira explosão
da sua torcida que lotava a Fonte Nova. Após a competição, então, o curioso e
interessante é que - assegurou-me o amigo que havia testemunhado o fato - de
que o Armando Marques, diante daquela efusão de aplausos, teria dito aos seus
auxiliares:
- Um time que tem uma torcida dessas não pode
perder um jogo.
Uma questão
que me incomoda seriamente é pertinente ao início de uma competição de
futebol. Já há algum tempo que, antes do início, rigorosamente, do jogo, os
árbitros se perfilam em frente às “tribunas de honra” dos estádios, com as
respectivas equipes ao lado. É executado, então o Hino Nacional Brasileiro. A
ocorrência inusitada é que, seguidamente, a maioria dos atletas (dos dois
clubes adversários) não entoa o nosso hino. Enquanto, nas arquibancadas, as
torcidas prosseguem com a barulheira dos seus tambores. Ao lado disto, em todas
as competições internacionais que assisto regularmente, os jogadores de ambos
os times, com especial entusiasmo, cantam os seus respectivos hinos, o mesmo
ocorrendo com as arquibancadas. Por acaso, no jogo de ontem (hoje é
quarta-feira, “Dia da Consciência |Negra”,
por sinal – e dia 20/11), no encontro entre a seleção brasileira e a do
Uruguai, todos os nossos representantes, em campo e no banco de reservas,
mostraram-se entusiasmados ao entoar o nosso belíssimo Hino Nacional. Fato que
me agradou especialmente. Que o exemplo frutifique.
Ousadia inconsequente
Vale, ainda que eu lembre de que, por força da minha condição profissional, assistia aos jogos da “tribuna da imprensa”. Mas houve época em que eu me situava bem dentro do campo, mais precisamente na parte em frente às cadeiras numeradas e tribunas, no centro. Evidentemente, à distância do gramado. Outras vezes até mesmo por trás do gol, na parte que fica voltada para o “Dique do Tororó”.
Num daqueles
momentos, o Bahia enfrentava o Vasco da Gama. E era técnico do alvinegro
carioca o festejado, à época, Yustric. Na realidade, ele era um homenzarrão. De
constituição bem avantajada. Em determinado momento, por conta da marcação de
uma irregularidade qualquer, ele não se conformou e ameaçou invadir o campo.
Instintivamente, eu, então, parti para ele assegurando de que, aqui na Bahia,
ele não iria “colocar as suas manguinhas
de fora”. Imaginem a minha ousadia. O fato oportuno foi que outras pessoas
do próprio “banco” do Vasco, interviram e eu me livrei de uma situação bem
complicada.
Na Bahia, como era o
futebol
Ainda como curiosidade, de momento, o futebol baiano era integrado pelos seguintes clubes. Esporte Clube Bahia (que já começava a se projetar), Vitória (que, nem de longe, imaginava que teria esse prestígio de hoje), Ipiranga (que era o clube mais popular da época), Botafogo, Guarani, São Cristóvão, Galícia (da colônia espanhola) e, já surgindo, o Leônico.
Um outro
fato curioso é que, à época, como não havia televisão – que somente depois de
muito tempo é que foi introduzida no Estado – aqueles torcedores que não podiam
ir aos estádios, contentavam-se com ouvir as transmissões radiofônicas. Como
sempre, com exposições extremamente exageradas pelos narradores – aliás, como
ainda hoje.
Um caso que me surpreende extraordinariamente, hoje, é testemunhar, em jogos que assisto, o “choque de cabeças entre dois atletas adversários”. É, realmente, impressionante como isto ocorre em todos os jogos, com uma facilidade que me preocupa. Àquela época, não lembro de assistir “acidente” semelhante. Por sinal, um fato isolado que ocorria com frequência – e tão somente este - era o choque de um adversário com o zagueiro ARNALDO, do Esporte Clube Bahia. Que me ocorra, este sim, quase sempre a sua impetuosidade era tamanha para “rebater” a bola com a cabeça, que acabava lesionado, de sorte que, às vezes, até tinha que “levar pontos”. Mas, se me recordo, somente esse era recorrente. Fato que o levava a sempre atuar enfaixado e com uma touca protegendo sua cabeça.
A agressividade de hoje
Hoje, rigorosamente sempre que dois adversários disputam a bola pelo alto, acabam mesmo simulando uma contusão mais séria, de tal sorte que induzem a interromper a competição. Por sinal, é frequente esse incidente. Não são raras as oportunidades em que, de cá do lado da TV que nos transmite o jogo, percebemos claramente a simulação. E isto ocorre pela oportunidade da reprise da gravação do lance pela emissora que transmite o embate, que proporciona o ensejo do público assistente a situar perfeitamente o lance sem maiores consequências. No entanto, por considerar a possibilidade de ocorrência grave, por envolver a cabeça do jogador, o árbitro, invariavelmente, interrompe o jogo e convoca as equipes médicas das duas agremiações. Perdendo-se valiosos minutos nessa operação. Somente em algumas raras oportunidade a contusão se verifica, realmente.
Uma outra constante ocorrência, em todos os jogos, é o fato de que dois adversários quando disputam a posse da bola pelo alto, aconchegam-se de tal sorte, utilizando-se dos braços que os impulsionam, o que leva a conter o adversário. Nunca raro, muito ao contrário e com frequência surpreendente, chegando a atingir o rosto do seu contendor. Por conta do que, evidente, o atleta contrário, rigorosamente, despenca a se contorcer como se o acidente motivasse uma lesão de natureza bem mais grave. Espanto-me ainda mais pelo fato de não verificar que o árbitro perceba a simulação.
Aliás, tanto
nesse episódio como em todos os demais que envolvem “faltas”, o jogador que se
sente atingido, seguidamente atira-se no chão, com o rosto “enterrado” na grama.
Da mesma sorte, surpreendo-me com aquela facilidade com que eles permanecem
alguns minutos, até, com o rosto “enfiado” na grama. Esse episódio, por acaso,
me perturba por não entender com que facilidade os profissionais se deixam ser
rigorosamente “enterrados” com suas faces “enfiadas” na grama.
A simulação é uma
tônica
Por sinal, é
uma experiência curiosa verificar o quanto, com que frequência, também, os
atletas simulam gravidade nas supostas contusões. Do lado de cá do “vídeo”,
percebemos claramente que a atitude do jogador é de simular a seriedade da
contusão, com o objetivo de influenciar o árbitro a “punir” o seu adversário.
Mais ainda, a surpresa é pelo fato de que o árbitro nunca se dá contas da
situação real e aceita a simulação como contusão grave. Nunca raro usando até o
“cartão” contra o adversário. No entanto, quando a competição prossegue, o mesmo
atleta levanta-se fagueiro retorna atuando, como se nada houvesse ocorrido. Sem
a menor admoestação pelo juiz que comanda a competição.
A mesma simulação acontece quando uma equipe se encontra com o placar favorável e os seus atletas, da mesma sorte, simulam contusão com o objetivo de fazer o tempo passar. Por vezes, até o árbitro sinaliza no sentido de que irá descontar aquele tempo.
Por conta de
tais procedimentos, é impressionante a quantidade de faltas numa mesma disputa.
Uma outra dessas situações ocorre quando da cobrança dos escanteios. É incrível
como os atletas se comportam dentro da área, quando da cobrança dos escanteios.
Invariavelmente, os defensores da equipe que concedeu a irregularidade, na
tentativa de evitar que os adversários tenham condições de intervir quando a
bola lhes for lançada, simplesmente “abraçam” agressivamente o seu contendor
buscando neutralizá-lo, fato que, naturalmente, deveria ser considerado como o
cometimento de penalidade máxima. No entanto, quando muito, são admoestados
pelo árbitro, o que não lhes conduz, todavia como deveria ocorrer, a
interromper aquele comportamento. Comportamento, por sinal, que continua a
ocorrer no mesmo lance, como também em outras faltas, com a costumeira
tolerância do juiz.
Um lance que
ocorre habitualmente é o que denominamos de “carrinho”. Quando um atleta, para evitar a sequência do lance pelo
seu adversário, projeta-se escorregando por baixo e objetivando atingir, com os
pés, as pernas do contendor. Nunca raro, atingindo agressivamente o corpo do
contrário. Considero esse lance, este sim, como uma falta tão grave, a ponto de
entender que deveria merecer punição com “cartão
vermelho”. Isto, pelos riscos que são provocados.
Os atletas até “peitam”
os árbitros
Aliás, causa
indignação, também, ver como muitos atletas se comportam no relacionamento com
os árbitros, quando protestando contra a consignação de qualquer
irregularidade. A agressividade, por gestos e palavras – peitando-os, até - torna-se
repugnante, nunca raro com a tolerância dos juízes que se manifestam até como
se nada houvesse ocorrido, mesmo. É raríssima a oportunidade em que é
utilizado, contra tal procedimento, o cartão.
Uma outra
situação, tão estranha quanto às já mencionadas, é a atuação dos auxiliares de
linha – os proclamados “bandeirinhas”. Sobretudo quando do cometimento do
“impedimento”, o auxiliar reserva-se tão somente a aguardar que o lance
prossiga, até uma conclusão do que, nunca raro, resulta na feitura mesmo de um
tento. Somente depois de tanto tempo é que se decide a assinalar a
irregularidade. Desconhecendo o fato de que tal irregularidade ocorre
precisamente no momento em que o atleta, em posição incompatível, investe para
receber a bola. Entendo, portanto, de que esse comportamento, invariavelmente, ocorrendo
em todas as oportunidades, deva ser consequência de uma recomendação das
autoridades maiores de todas as competições, ou seja, até procedente da própria
FIFA, fato que é, realmente, de se estranhar.
Nunca raro os árbitros
“fazem que não veem”
Aliás, por
tudo isto que aqui se encontra relatado – e por muitas outras situações
similares – salta à vista a forma tolerante com que os juízes de futebol se
comportam, por vezes e durante as competições. Fazendo, nunca raro, “vistas
grossas” a umas tantas irregularidades que ocorrem durante o jogo. Alguns
parecem sentir um peso imenso em empunhar o cartão – seja verde ou vermelho –
quando necessário.
Bahia é o primeiro campeão brasileiro
Quando da ocorrência da instituição de um evento nacional de
futebol, a TAÇA BRASIL, o Esporte
Clube Bahia foi convidado pela CBF para integrar o grupo que concorreria àquele
título, na qualidade de representante do futebol baiano. O mais importante para
nós, torcedores tricolores, foi que a nossa equipe acabou se sagrando como a
primeira “campeã nacional”. O que,
como lembrado, ocorreu em disputa final contra o Santos, de Pelé, Coutinho,
Mengálvio e tantos mais “cracaços” como titulares. Com o último jogo no
Maracanã. Por acaso, eu lá me encontrava, pois havia sido convidado para
acompanhar a delegação.
Alguns fatos curiosos: primeiro, quando o grupo deixou o
Estádio do Maracanã, no Rio, o surpreendente foi que, àquela época, ficou
evidente que o Bahia já contava com grande torcida no Rio de Janeiro. Pois,
quando a delegação se deslocou em demanda ao hotel onde se encontrava
hospedada, na Praia do Flamengo, praticamente por todas as ruas por onde
transitava haviam dezenas de torcedores esperando para aplaudir com entusiasmo.
Tanto quanto, ao chegar no hotel, uma verdadeira multidão aguardava os atletas
baianos com a maior empolgação, dificultando até o acesso à hospedagem.
Políticos baianos aguardavam
Ao chegarmos ao hotel, surpreendemo-nos com a presença de
inúmeros políticos baianos. Como o Deputado Federal ANTÔNIO CARLOS MAGALHAES, o
Vice-Governador baiano, ORLANDO MOSCOSO, o Senador LIMA TEIXEIRA, o Presidente
da, então, FBDT (Federação Baiana de Desportos Terrestres), General ANTONIO
BENDOCHI ALVES, dentre outros, todos dispostos a se congratular com dirigentes
e atletas. Um curiosíssimo episódio ocorreu, então, no hotel e com aqueles
políticos, por conta da iniciativa de um repórter de uma emissora de rádio de
Salvador.
Ele encontrou ali uma excelente oportunidade para tirar
proveito da situação. E propôs àquelas personalidades a possibilidade de
transmitirem mensagem diretamente para a Bahia, através da sua rádio. Com a
aprovação unânime – claro – o mesmo repórter esclareceu de que, como se tratava
de um contato telefônico para a consecução daquela ideia, haveria um custo.
Todos, claro, concordaram em assumir aquele ônus.
O repórter, então, ascendeu ao aparelho telefônico e começou
a simular contato com a base da emissora aqui em Salvador. Só que, em verdade,
embora repetisse inúmeras tentativas com a “chamada”:
- Alô Salvador! Alo
Salvador!
que reproduzia insistentemente, ele estava falando, na
verdade, diretamente era para o seu quarto no hotel, onde se encontrava um
outro repórter seu colega que atendia, também, com a simulação:
- Alô Fulano, Alô
Fulano, sua mensagem está entrando bem aqui em Salvador, pode iniciar as
entrevistas!
Ai o repórter que teve a iniciativa começou a entrevistar
cada um daqueles políticos, como se o contato estivesse “entrando no ar”
diretamente em Salvador. A sorte deles foi que gravaram todas as entrevistas e,
embora alegando terem se surpreendido com o fato de que o “sinal” não havia “entrado” bem na Bahia, no dia seguinte, depois de
chegarem na capital baiana, reproduziram todas as entrevistas. Salvando-se de
um entrevero, mas com todos os valores simuladamente correspondentes “ao custo
da ligação”, no bolso.
Bahia foi bi-campeão
Ainda mais curioso foi que, na disputa seguinte da mesma
competição (TAÇA BRASIL), o Bahia voltou a conquistar o título de campeão,
contra o Internacional. A final ocorreu, por sinal, em Porto Alegre, cada uma
das equipes com uma vitória. O importante foi que o Bahia tinha melhor saldo de
gol e, no jogo final, logrou um empate com a equipe gaúcha, o que lhe valeu a
conquista de mais um espetacular título, pois. Então o Bahia foi, e ainda é, “bicampeão” brasileiro.
Aconteceu ali, por sinal, o fato de
que o retorno da delegação tricolor proporcionou um espetáculo, por acaso,
nunca visto na cidade: parecia que toda a população baiana deslocara-se para as
ruas por onde desfilou a delegação do Bahia. A chegada ocorreu em torno do
meio-dia e eu, com a família, fui aguardar o desfile dos atletas – que
aconteceu em carro aberto do Corpo de Bombeiros - na rótula próxima ao
aeroporto.
A multidão comprimiu-se desde mesmo o
aeroporto, confluindo por todo o percurso do cortejo que passou por Itapoã,
Placa Ford, toda a Avenida Octavio Mangabeira, Boca do Rio, Aeroclube, Centro
de Convenções, Pituba, Amaralina, Rio Vermelho, Ondina, Barra, Avenida Sete de
Setembro, Campo Grande, Piedade, São Pedro, São Bento, Praça Castro Alves, Rua
Chile, até a Praça Municipal (Tomé de Souza). Onde somente chegou já altas
horas da noite.
A multidão que acorreu a todo o
trajeto foi de tal sorte grandiosa e o entusiasmo era tamanho que, ao passar
pelo Bairro da Boca do Rio (por sinal em frente à antiga sede de praia do
próprio Bahia), sem que a segurança pudesse conseguir conter o povo em torno do
caminhão, o próprio veículo onde os atletas desfilaram, lamentavelmente – sem
que o motorista percebesse - atropelou uma senhora que, fatalmente, faleceu por
conta do acidente.
À época, o Vitória ainda não era tão
popular
Um outro fato extremamente curioso
foi que o Vitória, então presidido, ao que me lembre, pelo Capitão da Polícia
NEY FERREIRA, por algum procedimento equivocado, foi punido pela Federação Baiana
de Desportos Terrestres. Era seu Presidente, à época, o prestigiado intelectual
baiano, Diretor da Faculdade de Direito da Bahia, Prof. ORLANDO GOMES. Ocorreu
que, inconformados com a admoestação pela Federação, a Diretoria rubro-negra,
imaginando a possiblidade de que uma sua atitude pudesse pressionar ao
Presidente da entidade, disse-se inconformada, por conta do que solicitava a desfiliação do
clube. Certos de que a atitude causaria um rebu no futebol baiano. No
entanto, o jurista ORLANDO GOMES, com muita simplicidade e pleno de autoridade,
apenas apôs na petição encaminhada pelo rubro-negro o despacho: “Como
pede”.
Totalmente surpreendido com aquela
demonstração de autoridade, os diretores do Vitória correram na decisão de
voltar atrás e desistiram da desfiliação.
Àquela época, a, então, Federação
Baiana de Desportos Terrestres era sempre presidida por figurões da sociedade,
da cultura e do esporte baianos, tais os já citados General ANTÔNIO BENDOCCHI
ALVES, Professor ORLANDO GOMES, o médico WALNEY MACHADO, dentre outros.
Apoios políticos beneficiaram ao
Vitória
Dois outros episódios envolveram o
Vitória, resultantes de que a sua direção, em dois momentos distintos,
conseguiram apoio de destacados políticos baianos para alcançar algumas
excepcionais vantagens. A primeira delas foi a inclusão do rubro-negro como
representante do futebol baiano, ao lado do Esporte Clube Bahia, no elenco
nacional.
A questão foi que o Bahia havia sido
incluído na elite do futebol brasileiro pela própria Confederação Brasileira de
Desportos. Inconformados pelo fato de que o Vitória – já, então, a segunda
força do futebol baiano – havia ficado de fora, os seus dirigentes conseguiram envolver
o grande político baiano ANTONIO CARLOS MAGALHÃES – que, por sinal, era
torcedor rubro-negro. E este “mexeu os
pausinhos” junto aos dirigentes do futebol brasileiro e conseguiu, jogando
ali o seu largo prestígio, que o segundo clube baiano fosse incluído também
entre os demais para a disputa dos certames nacionais.
Um segundo episódio, tão importante
quanto – ou até mesmo mais importante - foi
a excepcional conquista que os dirigentes rubro-negros de então alcançaram. Era
Governador, à época, o político de Feira de Santana, JOÃO DURVAL CARNEIRO. E
era seu sogro, pai da sua esposa, o cidadão MANOEL BARRADAS, um notório,
também, rubro-negro. Através da ascendência do BARRADAS diante do, então, Chefe
do Estado, os próceres rubro-negros conseguiram convencer ao Governador de que
um amplo terreno na periferia de Salvador fosse concedido ao clube. Por
consequência do que, então, foi construído o estádio que, por essa razão, leva
o nome do seu benfeitor, MANOEL BARRADAS. Estádio que, hoje, é um espetacular
patrimônio do clube e é mais conhecido como “BARRADÃO”.
São algumas situações, pois, que me permito evidenciar para
avivar a nossa mente.
Comentários
Enviar um comentário