Uma história que consagra uma gestão

Terreno que foi doado e, depois, negado

(Carlos Casaes e Carla Maria)

Corriam, então, os anos de 1991. Era o Governador do Estado da Bahia o político baiano ANTÔNIO CARLOS MAGALHÃES. E eu me encontrava como o Presidente Nacional da Associação Brasileira dos Jornalistas de Turismo – ABRAJET. Estava, então programado para ocorrer na Cidade do Salvador mais um congresso brasileiro daquela entidade. Por sinal, o primeiro depois da minhas eleição.

Alguns dias antes da realização do importante evento, estive em Camaçari, em visita ao Prefeito de então, FERNANDO TUDE. A razão daquela minha ida ao importante município baiano estava ligada ao fato de que iria convidar o Prefeito para participar da solenidade de instalação do expressivo evento e também de que houvesse uma programação de visita dos participantes às praias do município: por sinal, o maior e mais bem elaborado de quantos congressos foram realizados pela entidade.

Uma ideia que vingou

Aproveitando a visita ao Prefeito, aproveitei a oportunidade e o consultei se não seria possível e oportuno que ele pudesse doar um terreno numa das importantes praias de Camaçari, no litoral norte do Estado, o qual seria destinado à construção da sede da ABRAJET. Embora aquela tentativa ocorresse pela oportunidade do momento, numa iniciativa fortuita, fui surpreendido com a afirmação de TUDE, de que a ideia lhe era sugestiva e que iria examinar a questão para um posterior pronunciamento.

Em verdade, espantei-me, dias depois, quando o Prefeito TUDE pediu-me para ir ao seu Gabinete em Camaçari, oportunidade em que me informou ter, realmente aprovado aquela minha sugestão e que já havia reservado uma área de cerca de 3.000 m² em uma das praias do Município, mais precisamente, a Praia de Itacimirim. Vale lembrado de que se trata de um dos locais do litoral norte do Estado mais prestigiados pelo turismo.


Evidentemente que vibrei com a notícia, pois se constituindo num fato inédito nos anais da entidade. Na semana anterior à realização do Congresso, já se encontravam  aqui em Salvador os vice-Presidentes do Conselho Executivo da ABRAJET. Que me ocorram à memória: WILSON MULLER, SENIVAL SILVA, JOSÉ DE ANCHIETA CORREIA, ANTÔNIO NOYA.

Apoio que nos emocionou

Já há poucos dias da solenidade de instalação, fizemos uma visita ao Governador do Estado, ANTÔNIO CARLOS MARAGLHÃES, para convidá-lo no sentido de que presidisse a solenidade de instalação que ocorreria, como aconteceu, no Salão Aratu do, então, Hotel Meridién. Ouvi de S. Excelência, na oportunidade, a confirmação de que estaria, sem dúvidas, presente, caso não adviesse um fato surpresa que o impedisse.

Aproveitando a oportunidade do contato com S. Excelência, informei-lhe do fato da doação prometida pelo Prefeito TUDE, de Camaçari – por sinal seu correligionário – e lhe fiz um apelo. O de que, com aquela área, logicamente, pretendíamos construir uma espécie de “pousada/sede”, a qual estivesse em condições de receber permanentemente jornalistas de todo o Brasil. Com o apelo adicional de que nós não possuíamos, na entidade, por evidente, recursos suficientes para aquela empreitada. Mas que não poderíamos desperdiçar tão relevante oportunidade. Até porque a nossa intenção era a de conseguir receber, permanentemente, profissionais, sobretudo os especializados em turismo. E concluí com o apelo no sentido de que “se ele não nos poderia ajudar?”.

Para minha maior e extrema estupefação, ouvi de S. Excelência a afirmação de que, sem dúvidas, iria me apoiar naquela empreitada. Quando eu já me afastava, puxou-me pelo braço e me assegurou de forma surpreendente:

- CASAES. Eu não esqueço!


Aquela sua manifestação tão expressiva, de certa forma, até me emocionou, pois não cabia precisamente nos hábitos de S. Excelência. No entanto, deduzi de que a afirmação tinha relação com o quanto lhe ajudei em gestões passadas, tanto na Prefeitura como no próprio Governo do Estado. Na primeira, quando exerci – na gestão de LUIZ ANTÔNIO SANDE DE OLIVERA – as funções de Chefe da Assessoria Jurídica, que acumulei com Relações Públicas e Comunicação. No segundo caso, quando também exerci as funções de Chefe da Assessoria de Comunicação, na Secretaria do Planejamento – comandada pelo querido amigo MÁRIO KÉRTÉSZ.

Quem lembro perfeitamente ter testemunhado aquele episódio foi o, então, vice-presidente do Conselho Executivo da entidade, o alagoano ANTÔNIO NOYA, que me acompanhava com os demais vice-presidentes. Não sei se ele ainda recorda.

Teve até “pedra fundamental”

Quando da realização do Congresso, inclusive, foi promovida uma nossa ida ao terreno mencionado, que ficava numa situação especialmente privilegiada: terreno plano, numa esquina bem em frente ao mar, portanto, banhado pelas águas do Oceano Atlântico e com dimensão de nada menos do que: 3.000 m². Privilegiadíssimo. Na ocasião, promovemos a solenidade de colocação da famosa “pedra fundamental”, inclusive plantando, ainda, num ato simbólico, uma muda de “pau brasil”. Naquela oportunidade, acompanhavam-nos algumas personalidades de destaque do turismo baiano.

Posteriormente, e já quando o congresso instalado – o que ocorreu na verdade sob a presidência do Governador ANTÔNIO CARLOS MAGALHÃES – conduzimos todos os jornalistas brasileiros participantes do evento, a uma visita à outra igualmente famosa praia do Município de Camaçari, GUARAJUBA, da mesma sorte no litoral norte do Estado. Naquela oportunidade, fomos recebidos pelo Prefeito e sua equipe num restaurante no qual participamos de coquetel e almoço.


Nos dias que se seguiram, o Prefeito foi ainda além na sua concessão à ABRAJET. Pois destinou à sua assessoria de arquitetura a tarefa de elaborar um prenúncio de projeto do que poderia ser a nossa sede-pousada. Em verdade, com o apoio dos companheiros MILTON PARNES – que era hoteleiro, com o belo hotel de Mauá, no Rio – e JOSÉ DE ANCHIETA CORREIA - que, também, era versado no setor - chegou-se a um pré-projeto que eu diria “fantástico”, diante da importância que teria para a nossa comunidade.

A “política” que interferiu

No entanto, o extremamente lamentável foi que não chegou a haver tempo suficiente para que o Prefeito TUDE pudesse oficializar com um ato formal a doação. Porquanto se seguiram novas eleições, fato que é, inclusive, regulamentado por disposições que proíbem concessões até a posse do novo dirigente. Ocorreu que o próximo titular de Camaçari eleito foi o Prefeito LUIZ CAETANO, egresso do PT. No correr da carruagem, busquei contato com o novo titular da comuna de Camaçari, precisamente para lhe encarecer que desse sequência àquele episódio, com a legalização do que nos foi “formalmente“ – porquanto de modo público – destinado.

Para a extrema e surpreendente estupefação nossa, aquele novo titular – seguramente por questões absolutamente políticas - revogou a decisão e negou-nos a doação, sob uma “arranjada” justificação.

Lembro deste fato porquanto seria, inequivocamente, um dos momentos mais expressivos na vida dos jornalistas de turismo brasileiros, enquanto titulares de uma entidade representativa. E que, sem a maior dúvida, seria da maior importância para essa atividade econômica tão expressiva para a Bahia que é o TURISMO. Uma vez que se constituiria em permanente “abrigo” daqueles profissionais em nosso solo fato que não pode ser defenestrado do entendimento, simplesmente.



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